Tanto a competição real entre os biocombustíveis e os alimentos quanto o uso político desse argumento poderiam ser minimizados com uma tecnologia que permitisse a exploração de florestas cultivadas e de outras plantas não produtoras de alimentos para a produção dos biocombustíveis.
A tecnologia já existe, mas ainda não é economicamente viável devido ao alto preço das enzimas necessárias para o processo de quebra da celulose para a produção de energia.
Enzimas das plantas
Agora, um grupo de cientistas da Universidade do Texas, nos Estados Unidos, acredita ter encontrado o caminho para baixar o custo dessas enzimas: produzi-las a partir de plantas geneticamente modificadas.
Embora a pesquisa seja feita com milho e com cana-de-açúcar, as enzimas produzidas poderão ser utilizadas no processamento de outras plantas.
"Um dos nossos projetos está voltado para a produção de celulases, enzimas que podem quebrar a biomassa, a partir do milho," explica o professor Zivko Nikolov.
Múltiplos produtos
"Ajustando cuidadosamente a cadeia produtiva, de um único grão de milho nós podemos obter óleo, que será transformado em biodiesel, celulose, que poderá ser utilizada para fazer outros biocombustíveis, fibras e proteínas, que poderão ser utilizadas como ração animal, assim como, é claro, as próprias enzimas," diz ele
Os múltiplos produtos obtidos em um único processamento eliminam as perdas que hoje acontecem durante o processo de purificação das enzimas, com um grande potencial para baixar seus custos. Atualmente, as enzimas custam cerca de cinco vezes mais do que deveriam custar para que o processo de geração de biocombustíveis a partir da celulose fosse economicamente viável.
Segundo o pesquisador, resultados similares em temos de produção de enzimas estão sendo alcançados em uma linha de pesquisas com cana-de-açúcar.
(Inovação Tecnológica, 18/07/2008)