Ocorrências atendidas entre janeiro e junho de 2008 quase se igualam aos casos de todo o ano passado
Os dias de sol e calor que vêm se repetindo no Rio Grande do Sul desde o início do mês estão dando trabalho extra para os bombeiros. Isso porque os campos, já castigados pela geada e frio, ficaram ainda mais secos, tornando o cenário propício para focos de incêndio. Somente na quinta-feira, o 5º Comando Regional de Bombeiros (CRB) registrou 10 chamados para combater fogo em vegetação.
O veranico também ajudou a triplicar o número de ocorrências entre janeiro e junho em comparação com o mesmo período do ano passado. Enquanto de janeiro a junho de 2007 os bombeiros atenderam a 41 casos, no mesmo período deste ano já foram 160, número quase igual ao total de 2007 (163 casos).
Com a vegetação seca, qualquer fagulha pode iniciar um incêndio. Conforme o tenente-coronel José Francisco Barden da Rosa, comandante do 5º CRB, essas ocorrências têm sido mais freqüentes porque além das altas temperaturas, também há muito vento, que espalha o fogo com rapidez.
- Esse tipo de fogo começa geralmente com a queima de lixo em terrenos baldios, crianças que fazem fogo para brincar e tocos de cigarro jogados na beira da estrada - diz.
Além disso, com o clima propício, muitos proprietários rurais passaram a usar a queimada, prática tradicional mas proibida por lei, para limpar o campo ou renovar a pastagem. Apesar de os meses de agosto e setembro concentrarem o maior número de episódios de fogo nos campos, o Instituto Nacional do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e a Patrulha Ambiental (Patram) constataram um aumento de casos.
Conforme o tenente-coronel Aécio Ramos Mendonça, comandante da Patram, embora seja feito um trabalho preventivo e educativo para combater as queimadas, quando é constatado o crime ambiental são emitidas autuações no valor de R$ 1 mil por hectare atingido, caso o responsável seja localizado.
Segundo o chefe do escritório regional do Ibama de Caxias do Sul, Jairo Menegaz, a técnica deve ser evitada não apenas por ser ilegal, mas também pelos danos causados ao ambiente.
- As queimadas causam o empobrecimento do solo. Os produtores deveriam utilizar outras alternativas, como a divisão de pastagens e a utilização de equipamentos mais modernos. A queimada é uma técnica primitiva - critica.
(Pioneiro, 20/07/2008)