O ativista Sydney Possuelo, conhecedor da Amazônia e defensor dos povos indígenas, principalmente dos "índios isolados", reivindicou hoje maior envolvimento do Governo brasileiro na defesa dessas tribos.
Possuelo luta há 43 anos pelos direitos dos indígenas isolados que habitam a Floresta Amazônica.
O explorador, de 68 anos e presidente do Instituto Brasileiro Indigenista (IBI), decidiu aos 16 anos adentrar na floresta que nunca abandonou até hoje.
Possuelo está na Espanha para participar esta semana de uma conferência na Galícia (norte) e lembrou, em conversa com a Agência Efe que atualmente há 400 mil índios de 220 etnias e 180 línguas no Brasil.
A eles se somam os índios isolados, cujo número não se sabe, que ocupam seis áreas protegidas com 22 assentamentos contabilizados e informações da existência de outros 20.
Possuelo lembrou que é responsabilidade do Estado "saber onde estão (os índios), definir e proteger suas terras", e respeitar sua decisão de não estabelecer contato.
"Nós queremos árvores cortadas, e eles, a floresta de pé; eles querem os rios correndo limpos para utilizarem, e nós os sujamos com produtos químicos e os cortamos em função de nossas hidrelétricas", disse.
O ativista destacou que as principais ameaças à floresta e aos indígenas são as hidrelétricas, as estradas e o comércio de madeira.
Os trabalhos de Possuelo sobre as comunidades indígenas foram premiados pela Sociedade Geográfica Espanhola e reconhecidos em 1997 com o prêmio Bartolomé de las Casas, entre outras distinções.
(UOL, 19/07/2008)