Feira Ecológica em Porto Alegre destaca resgate de sementes de arroz e feijão africanos
agroecologia
alimentos e produtos orgânicos
2008-07-18
O arroz quilombola, Oryza glaberrima, e o feijão sopinha, Vigna unguiculata (L.) Walp., originários da África são o centro das atrações da Feira dos Agricultores Ecologistas neste sábado, 19 de julho. Integrantes dos quilombos de Mostarda e Tavares vêm à feira para mostrar o trabalho que resgata as sementes cultivadas pelos seus ancestrais.
A partir das 7h, os freqüentadores da FAE podem degustar o arroz quilombola no delicioso arroz com leite-de-côco, conhecer o feijão sopinha e relatos de seus cultivos. A banca especial que resgata as sementes africanas fica localizada na frente do caldo-de-cana, na parte central da primeira quadra da rua José Bonifácio, onde ocorre a feira.
"O arroz quilombola, oryza glaberrima, e o feijão sopinha, Vigna unguiculata (L.) Walp., simbolizam as grandes contribuições da cultura negra africana na agricultura e culinária brasileira". Nelson Diehl, organizador do evento, ressalta que veio dos africanos o prato mais típico da culinária brasileira, o arroz com feijão.
História
Sendo o primeiro arroz cultivado no Brasil, o oryza glaberrima foi introduzido em meados do século dezessete. Em 1739, a Coroa Portuguesa proibiu o cultivo desse arroz, condenando os portugueses que desobedecessem a ordem a um ano de prisão. A pena aumentava para para dois anos no caso de negros e mestiços. O plantio do arroz continuou durante séculos apenas nas comunidades remanescentes de negros, assim ele ficou conhecido como arroz quilombola.
Esse arroz chegou ao Rio Grande do Sul em 2005, vindo de uma Comunidade Quilombola da Paraíba pelas mãos do ecologista e engenheiro agrônomo Sebastião Pinheiro. Inicialmente, ele foi plantado na propriedade de Juarez Felipi Pereira, produtor da FAE. Hoje o arroz está sendo cultivado em seis comunidades quilombolas no território gaúcho: São Miguel dos Pretos, em Restinga Seca, Limoeiro, em Palmares do Sul, Beco dos Colodianos e Teixeiras, em Mostardas, Olhos D'Água e Capororocas, em Tavares.
(Por Claudia Dreyer, texto recebido por e-mail, 18/07/2008)