Iniciativa da FETAG tem verba federal de R$ 2,5 milhões
Um novo projeto de produção de biodiesel para pequenos fumicultores, com recursos federais de R$ 2,5 milhões, foi lançado ontem em Santa Cruz do Sul. O Sistemas de Produção de Óleo Vegetal para Biodiesel Sul (Siscobil), iniciativa da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag), tem parceria da Universidade Federal de Pelotas (Ufpel) e verba da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia. O objetivo é estimular a produção de biodiesel sem custos para o agricultor, incluindo a instalação de usina de beneficiamento para uso de forma cooperativada.
A iniciativa foi apresentada na sede da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra) a dirigentes sindicais, secretários municipais de Agricultura e técnicos da Emater. Conforme o coordenador, o professor da Ufpel Ricardo Lemos Sainz, a primeira parcela da verba, de R$ 150 mil, foi liberada esta semana. O restante será repassado em outras duas parcelas. O principal desafio do projeto, que começou a tomar forma em setembro de 2007, é buscar formas de gestão da cadeia aplicadas à agricultura familiar. “A legislação e as formas de produção estão voltadas para os grandes, o que marginaliza o pequeno”, analisa. Uma pesquisa de campo vai auferir a viabilidade de um sistema cooperativo que facilite a inserção do agricultor familiar.
A capacitação dos agricultores e os licenciamentos ambientais também integram a fase inicial. Implantadas as lavouras, serão estabelecidas unidades esmagadoras e dado início à produção. A última etapa será a avaliação dos resultados. “Vamos começar a produzir em 2009”, adianta Sainz. Conforme ele, o principal diferencial da iniciativa é a assistência da Ufpel, que pretende expandir para todo o País, conforme os resultados obtidos. “Produzir biodiesel no Brasil é bom, embora ainda não seja excelente. Estamos agregando a informação da produção à criação de um sistema de gerenciamento da cadeia para facilitar que o pequeno produtor possa se tornar competitivo, por meio do cooperativismo ou do associativismo”, avalia Sainz.
Por mais renda
O deputado estadual Heitor Schuh (PSB) ressaltou que o projeto é voltado às regiões fumicultoras. “Por dois anos, vamos analisar a possibilidade de cultivar uma oleaginosa adequada para a produção de biodiesel”, adiantou. O plantio, salienta, vai começar no verão de 2009. “Além de ser direcionado para os próprios agricultores utilizarem nas suas máquinas, o biodiesel será vendido em caráter experimental com o carimbo da agricultura familiar e anuência da Ufpel, que dará a chancela com licenciamento ambiental da Fepam e toda a parte operacional e burocrática.”
Schuh diz, no entanto, que a meta é implementar na região alternativas de geração de renda para complementar a fumicultura. “Não estamos falando em substituição”, frisa. Todos os equipamentos para a produção do óleo serão doados pela Finep. “Se tudo correr conforme o esperado, em 2009 já teremos biodiesel produzido na região fumageira.” Já o primeiro-tesoureiro da Fetag, Nestor Bonfanti, evidencia outra vantagem na iniciativa. “Mesmo que o produtor não ganhe com o projeto, também não terá perdas, como ocorria com outras culturas.”
Também para o vice-presidente da Afubra, Heitor Petry, a iniciativa, que tem semelhanças com a desenvolvida pela entidade, pode trazer benefícios para o homem do campo. “É um estudo ampliado, que vem em boa hora e é direcionado para a agricultura familiar”, opina.
(Por Maria Luiza Nunes, Gazeta do Sul, 18/07/2008)