O inverno no Brasil está sendo marcado pela localização de pingüins em maior quantidade e em áreas incomuns do litoral brasileiro para esse tipo de ocorrência.
As aves estão se afastando de suas colônias no extremo sul do continente e já aparecem até no Nordeste brasileiro.
Nas últimas semanas, institutos de proteção a animais registraram grande quantidade de pingüins da espécie magalhães em praias do Rio Grande do Sul à Bahia.
Em praias do Espírito Santo, o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e a ONG Instituto Orca registraram a presença de pelo menos 220 pingüins desde o último dia 4. Não houve registros no ano passado. Em 2006, foram apenas 30.
"Estamos sob a influência do fenômeno climático La Niña, que resfria as águas, que ficam muito geladas para os pingüins no extremo sul do continente americano", disse Vinícius Queiroz, analista do Ibama no Espírito Santo.
Normalmente, os animais que se deslocam para águas brasileiras são pingüins jovens. "Eles têm mais dificuldade de orientação, são exploradores e se perdem com mais freqüência. Pegam uma corrente marítima e param aqui", disse.
O Instituto Orca, que trata pingüins em Vila Velha (região metropolitana de Vitória), já recebeu 150 aves --metade morreu ou já chegou morta.
"Estamos com muitos pingüins, já não temos mais onde colocar", disse Lupércio Barbosa, diretor do instituto. O tratamento das aves, que chegam com hipotermia e desnutridas, dura três meses. Depois são levadas de volta ao mar.
No Rio de Janeiro, o Zoonit (Fundação Jardim Zoológico de Niterói), instituição que reabilita animais, recebeu 105 pingüins neste ano.
Em São Paulo, o Centro de Triagem de Animais Selvagens do Refúgio Mata Atlântica Lello e da Unimonte (Centro Universitário Monte Serrat) recebeu oito pingüins da Baixada Santista. O Ibama recolheu seis pingüins em Santa Catarina e cerca de 15 no Paraná.
Na Bahia, Estado brasileiro mais ao norte com registro de aparição de pingüins nesta temporada, o Instituto Baleia Jubarte recebeu a informação da presença de quatro aves nas praias da região de Abrolhos.
No Rio Grande do Sul, onde a ocorrência de pingüins é mais freqüente, 500 animais apareceram mortos no litoral em junho. Eles estavam sujos de óleo, que teria vazado de um navio na costa uruguaia. Há 76 pingüins sendo tratados no Centro de Reabilitação de Animais Marinhos da Furg (Fundação Universidade Federal do Rio Grande).
(Por Cíntia Acayaba, Agência Folha, Folha Online, 17/07/2008)