Óleo de tucumã pode ser transformado em energia. Pesquisas nesse sentido estão bem adiantadas.Campinas, SP — No interior do Estado do Amazonas, a distribuição energética é muito baixa. Das mais de 4.600 comunidades isoladas, apenas 32 são abastecidas de energia elétrica. Baseada nesses dados, a estudante de química da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Banny Silva Barbosa, desenvolveu a pesquisa “Aproveitamento do óleo da amêndoa de tucumã na produção do Biodiesel”, na comunidade Roque, no município de Carauari (AM). O objetivo do trabalho foi desenvolver energia elétrica alternativa com os produtos da região, sem agredir o meio ambiente.
De acordo com Barbosa, a falta de energia elétrica impede qualquer melhoria de educação, saneamento e saúde. “Essa falta é responsável influencia diretamente nos baixos índices de desenvolvimento humano das localidades”, afirmou. Ela ainda ressaltou que, para suprir a demanda por energia, é necessário o uso de fontes alternativas que privilegiem a vocação energética local e a implantação de sistemas descentralizados e autônomos de produção.
A curto e médio prazo, a alternativa de geração de energia elétrica mais viável e que vem sendo utilizada na região é a geração térmica por motores movidos a diesel. Os custos de geração são muito elevados, principalmente devido ao transporte do diesel para essas localidades. “A substituição do diesel por biodiesel produzido localmente, a partir da biodiversidade, é uma excelente alternativa para a região”, explicou a estudante.
Produção de biodieselO método utilizado para que se obtenha resultado é por meio da transesterificação. Esse processo, atualmente, é o mais utilizado para a produção de Biodiesel. “Por meio dessa reação, é possível a separação da glicerina dos óleos vegetais”, revela.
Segundo Barbosa, o tucumã (Astrocaryum aculeatum), no Amazonas, é uma das mais promissoras matérias-primas para produção do biodiesel, pois a palmeira cresce em todo o Estado e produz uma grande quantidade de óleo, tanto na polpa como na amêndoa, a qual pouco aproveitada. Além disso, conta com uma alta densidade populacional.
O projeto é coordenado pelos cientistas da Coordenação de Pesquisas em Produtos Naturais do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Sergio Massayoshi e Roberto Figlioulo, e recebe fomento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam). O estudo foi apresentado hoje, pela manhã, durante a 60ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que está acontecendo na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) desde o domingo.
Nayr Cláudia - repórter da Agência da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Feapam ).
(Agência Amazônia,
FGV, 16/07/2008)