AMBIENTALISTAS QUESTIONAM GASODUTO URUCU-PORTO VELHO
2002-02-18
Foi realizada Sexta-feira, em Manaus, uma audiência pública para discutir a construção do gasoduto Urucu-Porto Velho, empreendimento da Petrobrás, que deverá levar o gás natural de Urucu, no Amazonas, para a capital rondoniense. A reunião foi convocada pela organização não-governamental Amigos da Terra - Amazônia Brasileira, com o argumento de que as audiências públicas oficiais para o licenciamento da obra, que acontecem a partir da próxima semana, foram agendadas em locais de difícil acesso. Segundo Roberto Smeraldi, diretor da Amigos da Terra, caso se concretize, a construção do gasoduto irá rasgar a floresta amazônica em sua parte mais intacta e vulnerável, abrindo caminho para a colonização desordenada desta frágil e preservada região, que esteve sempre imune aos efeitos da presença humana, como o desmatamento e as queimadas. Além disso, o ambientalista alega que o governo federal optou pelo gasoduto - parte do projeto Avança Brasil - como opção de abastecimento para Porto Velho, sem uma discussão sobre outras alternativas possíveis, com custos ambientais menores. O gás natural tem a finalidade de substituir o diesel na usina termelétrica de Porto Velho. Para Smeraldi, deveriam ser consideradas as possibilidades de trazer o gás natural da Bolívia, através do traçado da rodovia Cuiabá-Porto Velho, sem impactos ambientais, ou então de Urucu, mas com parte do percurso através de barcaças, via hidrovia. Segundo Ângelo Francisco dos Santos, coordenador nacional de Segurança, Meio Ambiente e Saúde da Petrobrás, esse tipo de discussão não cabe à empresa, já que não seriam projetos tocados por ela, mas ao Ministério do Planejamento. O diretor da Amigos da Terra, porém, diz que uma das exigências do EIA-Rima é justamente apresentar alternativas à localização e ao traçado das obras. - Com os estudos que temos, não é possível saber se a alternativa escolhida é a mais viável, avalia. (OESP)