A Comissão da Amazônia, Integração Nacional e de Desenvolvimento Regional da Câmara dos Deputados dará apoio político para que a proposta da Academia Brasileira de Ciências para a região amazônica seja adotada pelo governo. Em encontro realizado nesta quarta-feira (16/07), como parte da programação da 60ª Reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em Campinas, cientistas apresentaram aos parlamentares projeto para a ampliação progressiva do número de pesquisadores doutores na Amazônia dos atuais 2.800 para 4.200 até 2011.
Integrante da Academia Brasileira de Ciências, Adalberto Luís Val diz que o principal gargalo da região está na insuficiente quantidade de doutores. Apenas 30% das pesquisas hoje realizadas sobre o bioma amazônico, segundo ele, são feitas por brasileiros. "Fixar recursos humanos na Amazônia vai proporcionar a retaguarda para uma ação na Amazônia confiável, justa, sustentável, que é o que precisamos", disse.
Inclusão social
Ele destacou que foi desenvolvida no Brasil uma capacidade muito significativa para o monitoramento do desmatamento na Amazônia, mas muito pouco foi feito no processo de inclusão social da região. "Para isso, a ciência pode contribuir de forma bastante significativa, não só desenvolvendo alternativas para o uso das áreas já degradadas na Amazônia, mas novas alternativas para uso da diversidade biológica que temos na região, sem destruir a floresta, mantendo a floresta em pé", afirmou.
Adalberto Val, que também é do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), destaca que a região contribui com a geração de cerca de 8% de toda a riqueza produzida no País. Apesar disso, somente 2% dos investimentos do governo federal em ciência e tecnologia vão para a região, segundo o pesquisador.
Distribuição de riqueza
A proposta da Academia Brasileira de Ciências conquistou o apoio da Comissão da Amazônia. Na avaliação da presidente da comissão, deputada Janete Capiberibe (PSB-AP), é preciso conhecer melhor a Amazônia para trazer benefícios ao País e, principalmente, para os mais de 20 milhões de habitantes da região. "Essa biodiversidade da Amazônia tem que trazer distribuição da riqueza para as comunidades tradicionais, indígenas, quilombolas, mulheres agricultoras, parteiras, castanheiras, pescadores, enfim, a população como um todo", ressaltou.
O apoio da Comissão da Amazônia às reivindicações dos cientistas dá continuidade ao trabalho que os parlamentares já vinham fazendo desde o ano passado, quando também participaram da reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, em Belém.
O encontro da SBPC segue em Campinas até sexta-feira (18). A organização do evento estima que, até lá, 15 mil pessoas devam participar dos debates e cursos, além de conferir atrações da Exposição de Ciência e Tecnologia.
(Por Ana Raquel Macedo, Agência Câmara, 16/07/2008)