Outros 1.096 km2 de florestas foram desmatados na Amazônia Legal no mês de maio, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que divulgou na terça-feira (15/07) os dados do sistema de Detecção em Tempo Real (Deter) para este período, em que 46% da região esteve coberta por nuvens.
Pelo segundo mês consecutivo, a área de floresta destruída corresponde ao tamanho da cidade do Rio de Janeiro, terra natal do Ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc. No mês anterior, foram detectados 1.123 km2 desmatados na Amazônia, com 53% de cobertura de nuvens. O Mato Grosso, mais uma vez, é o campeão do desmatamento, com 646 km2, sendo que os dados incluem tanto corte raso como degradação progressiva.
"Não basta ficar discutindo todos os meses se os números aumentaram ou diminuíram. A principal questão é: o governo está agindo em tempo hábil, usando os alertas do Deter, para combater o desmatamento na Amazônia? A resposta é: à parte algumas ações espetaculares pontuais, o Brasil não tem feito o dever de casa como deveria", avalia Paulo Adario, coordenador da campanha Amazônia, do Greenpeace.
Para a organização, o governo precisa enfrentara as principais causas da destruição da Amazônia, que são de conhecimento de todos: o aumento da fronteira agrícola, a exploração ilegal e predatória de madeira, a transferência de população carente para a região (por falta de um programa eficiente de reforma agrária em outras áreas do país), a queima da floresta pra a produção de carvão (para atender as demandas das mineradoras). O elemento comum a todas estas causas é a falta de governança.
"Enquanto o Brasil não resolver as causas estruturais que provocam o desmatamento da Amazônia, ou seja, enquanto não substituir o atual modelo de desenvolvimento baseado na exportação de mercadorias de baixo valor agregado por uma economia de base florestal que beneficie as populações locais, aliada à proteção da floresta, a flutuação do desmatamento continuará a ser notícia", afirma Adario.
Segundo ele, ao invés de apenas discutir números, a sociedade também deve cobrar a responsabilidade do governo em zerar o desmatamento da Amazônia o mais rápido possível.
O Greenpeace destaca que os dados do Deter não são precisos, já que ele não foi concebido para ser um sistema para medir a área desmatada. O sistema utilizado pelo Inpe para medir as áreas desmatadas, desde 1988, é o Programa de Cálculo do Desflorestamento da Amazônia (Prodes), que utiliza imagens de satélite de alta resolução, medidas de agosto a agosto. O Deter começou a ser utilizado em 2004 como um sistema de alerta que tem como principal propósito apoiar o governo para ações de fiscalização e controle de desmatamento.
(Greenpeace, 15/07/2008)