A viabilidade dos biocombustíveis só é possível devido aos apoios públicos dados à sua produção, conclui um relatório da OCDE hoje divulgado. Segundo os cálculos feitos no estudo, os subsídios atribuídos fazem com que cada tonelada de carbono evitada pelos biocombustíveis custe entre 600 e 1070 euros, quando, no mercado, está a 26 euros.
A “Avaliação económica das políticas de apoio aos biocombustíveis”, que incidiu sobre os países da OCDE., indica que, em 2006, os EUA, a União Europeia e o Canadá atribuíram 6,9 mil milhões de euros de subsídios à produção de etanol e biodiesel. E calcula-se que, a médio prazo (entre 2013 e 2017) se atinjam os 15,7 mil milhões de euros em apoios.
Além disso, o estudo salienta que os resultados desta arma de combate às alterações climáticas, primeira razão para a aposta nos biocombustíveis, são limitados. A excepção é o etanol brasileiro que permite reduzir as emissões em 80 por cento quando comparado com os combustíveis fósseis. Já os que são produzidos a partir de cevada, beterraba sacarina ou óleos vegetais permitem uma poupança entre os 30 e os 60 por cento, enquanto o etanol a partir do milho (caso dos EUA) apresenta performances abaixo dos 30 por cento.
No total, se o apoio aos biocombustíveis se mantiver inalterado, a redução das emissões de gases com efeito de estufa por via do uso destes carburantes alternativos ascenderá a 0,8 por cento em 2015. Por tudo isto, o relatório incentiva os Governos a dar antes prioridade à poupança energética, sobretudo no sector dos transportes.
(Por Ana Fernandes, Ecosfera, 15/07/2008)