Secretaria autorizou o corte de 10% da vegetação que cerca os pavilhões da Festa da Uva
Área verde equivale a meio campo de futebol e será usada para construção da nova cancha de rodeios
Nos últimos dias, parte dos caxienses está assistindo à derrubada de centenas de árvores nos pavilhões da Festa da Uva. O corte de meio hectare, autorizado pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Semma), atende ao projeto da prefeitura para a construção da nova cancha de rodeios na cidade (leia mais na página ao lado).
A mata perderá pelo menos 630 árvores, ou 10% das espécies nativas e exóticas da área, o equivalente a meio de campo de futebol. Entre as plantas que serão cortadas, estão 22 araucárias, vegetal protegido por lei federal.
Apesar de amparada pela legislação ambiental, a derrubada das espécies é vista por freqüentadores e moradores próximos como uma agressão ao meio ambiente. Porém, é defendida pela prefeitura e pelos tradicionalistas como a alternativa mais viável para resolver a falta de um espaço adequado para rodeios. O vice-prefeito, Alceu Barbosa Velho (PDT), afirma que diversas áreas públicas do município foram cogitadas, mas a maior parte sofreria impactos ambientais muito maiores do que o terreno nos pavilhões. Instalar a cancha em propriedades privadas também demandaria um gasto superior aos R$ 1,5 milhão orçados no projeto, pois seria necessário erguer prédios para apresentações artísticas. Outro argumento de Barbosa Velho é que os eventos tradicionalistas devem ocorrer em áreas de fácil acesso ao público.
O coordenador técnico da Semma, Nélio Susin, explica que o processo administrativo sobre o corte foi aberto em março deste ano. Uma equipe contratada pela Secretaria Municipal do Planejamento (Seplan) fez o levantamento de quais árvores poderiam ser abatidas e qual o impacto ambiental que isso causaria. Posteriormente, a Semma analisou o documento e concluiu que o estudo atendia à legislação, concedendo parecer positivo.
Segundo Susin, cortes em áreas de lazer, a exemplo da dos pavilhões, são permitidas, ao contrário de matas de preservação como é o caso do Mato Sartori. O técnico em educação ambiental da secretaria, Elton Boldo, também afirma que a mata vem sofrendo impacto desde os anos 1970, principalmente com a criação do parque. Praticamente não existem árvores jovens, e preservar a mata só seria possível com o cercamento e o fim de eventos no local.
- Posso até achar que a quantidade de árvores derrubadas é grande, mas se a legislação permite não cabe aos técnicos da Semma emitir parecer contrário sem embasamento - diz Susin.
A prefeitura deverá apresentar um projeto de reflorestamento antes da inauguração da cancha. Para cada árvore derrubada, o município é obrigado a plantar 15 mudas.
(Pioneiro, 17/07/2008)