O ex-secretário-geral da ONU, Kofi Anan, disse na segunda-feira (14) em São Paulo, na abertura do IV Congresso Brasileiro de Publicidade, que a prioridade do mundo deve ser a de se impedir as mudanças climáticas que ameaçam vários países, propondo a união de governos, empresários e trabalhadores do mundo todo em torno de um grande esforço para amenizar os efeitos do aquecimento global. Ele disse que em conversas com diplomatas de Ilhas Maldivas, no Pacífico, soube por exemplo que esse país já perdeu uma série de ilhas de seu arquipelago devastadas por tsunamis e outros efeitos do aquecimento global.
"O mundo deve se unir para impedir a degradação do meio ambiente. Isso vai custar muito dinheiro, mas os países poluidores e os mais desenvolvidos são os que deveriam pagar mais para evitar essa degradação. Os países pobres são os que mais sofrem com os problemas do meio ambiente", disse Kofi Anan em palestra no IV Congresso Brasileiro de Publicidade, aberto na segunda-feira em São Paulo, com a presença de 1.400 publicitários e homens de mídia brasileiros.
Anan disse ainda estar preocupado com o uso de produtos agrícolas para a produção de biocombustíveis, criticando os americanos pelo uso do milho para a produção de combustíveis alternativos.
"Não se pode deixar de alimentar os mais pobres para encher o tanque dos ricos", advertiu o ex-secretário-geral da ONU, para quem os problemas do meio ambiente também estão provocando secas que determinam a escassez de alimentos.
Ao final da palestra, Anan falou também sobre a situação na América Latina, dizendo ver com "bons olhos" a reaproximação dos presidentes da Venezuela, Hugo Chávez, e da Colômbia, com Álvaro Uribe. Ele disse estar preocupado com a situação de instabilidade política na Bolívia, dizendo que "temos que ficar de olho na Bolívia". Disse ter pedido a diplomatas americanos para que "conversem mais" com Cuba, para facilitar uma aproximação dos dois países. Explicou que antes os americanos temiam Fidel Castro e achavam que alguma mudança só aconteceria com a morte do líder cubano, mas que agora os americanos vêem como risco maior o presidente venezuelano Hugo Chávez, que seria um Fidel mas com mais dinheiro do petróleo.
(Por Adauri Antunes Barbosa/ O Globo Online, AmbienteBrasil, 16/07/2008))