Brasília - Fracassou a primeira tentativa do governo de vender bois criados irregularmente em áreas de conservação da Amazônia. Não houve interesse de compra no leilão do "boi pirata" organizado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Foram ofertadas 3.500 cabeças da raça nelore, divididas em quatro lotes. O preço de abertura de todos os lotes somados foi de R$ 3,9 milhões, o que significa R$ 1.114,28 por animal. Em média, cada bovino pesa 15 quilos, ou seja, o gado ofertado no leilão foi oferecido por R$ 74,28 por arroba.
O valor de venda do "boi pirata" foi inferior ao praticado no mercado local do Pará, onde os lotes são vendidos a R$ 76 por arroba, livre de impostos. Fonte da iniciativa privada lembra que não há muitas informações sobre o preço do boi gordo na região. A Conab, que cedeu seu sistema eletrônico para a realização do leilão, informou que seus técnicos e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) vão se reunir ainda hoje(14) para decidirem sobre uma nova rodada de comercialização.
Esta é a primeira vez que a estatal faz um leilão desse tipo. A responsabilidade pela fiscalização e pelo processo de entrega dos animais é do Ibama. A retirada deve ser feita pelo comprador. Pecuaristas ou frigoríficos de qualquer região do País podem participar do leilão. A única exceção é Lourival Medrado Novaes dos Santos, dono da Fazenda Lourilândia, onde os animais eram criados de forma irregular, segundo o governo. Desde 2005, a área da Estação Ecológica da Terra do Meio, no Pará, onde o rebanho era criado, foi declarada de conservação e há um ano a Justiça determinou a saída dos criadores de gado do local.
(Por Fabíola Salvador, Agência Estado, Estadão, 14/07/2008)