Um tipo de vegetação típica da Amazônia e com papel fundamental para o equilíbrio do meio ambiente da região. É assim que a pesquisadora da área de Solos do Projeto Piatam, Eliene Cruz, define os aningais, espécies quase extintas nas áreas urbanas.
Criado há oito anos, o Piatam é um projeto de pesquisa socioambiental para monitorar as atividades de produção e transporte de petróleo e gás natural oriundos de Urucu (AM). O projeto é executado pela Universidade Federal do Amazonas e reúne cerca de 300 pesquisadores.
"Trata-se de plantas que formam verdadeiras ilhas às margens dos rios e igarapés amazônicos e contribuem para o equilíbrio desses ambientes, filtrando as águas desses rios e oxigenando as terras alagadiças, que, localmente, são conhecidas como áreas de várzea", explicou Eliene ao definir os aningais.
O tema será apresentado a pesquisadores, estudantes e profissionais que atuam na área ambiental durante o 12º Congresso Brasileiro de Arborização Urbana, que se realiza até amanhã (16) em Manaus.
O objetivo é registrar um alerta sobre a importância da preservação dos aningais e, com isso, inseri-los na pauta das preocupações das políticas ambientais que visem ao desenvolvimento da arborização urbana.
Na capital amazonense, onde muitas famílias constituíram suas casas às margens de igarapés, essa vegetação sofreu forte impacto e sua sobrevivência ficou ameaçada.
Segundo Eliene, os aningais precisam de um olhar diferenciado para garantir a continuidade da espécie. "Por conta do crescimento populacional e da ocupação desordenada de áreas onde essas plantas vivem, elas acabaram sofrendo um processo de diminuição. Apesar de serem da região e contribuírem para o equilíbrio do meio ambiente amazônico, ainda não há uma política de preservação para cuidar da espécie", lamentou.
Os aningais também servem de "berçário" para os peixes. "Os estudos comprovam que os aningais foram uma das primeiras vegetações a se instalarem no meio ambiente amazônico e por isso têm mais facilidade de adaptação à região e realizam uma verdadeira série de trabalhos que colaboram para o equilíbrio do meio ambiente. Até os filhotes de peixes repousam nessa vegetação", explicou.
A secretária de Meio Ambiente de Manaus, Luciana Valente, ressaltou que o congresso é o mais importante sobre arborização urbana do Brasil.
"Todos os anos, a Sociedade Brasileira de Arborização Urbana escolhe uma cidade para sediar o evento. A pesquisa sobre os aningais é um dos 64 trabalhos científicos em exibição no congresso e os visitantes que tiverem interesse sobre o assunto poderão buscar essas informações diretamente com a pesquisadora", contou.
Luciana lembrou que a importância de tratar do assunto em um evento nacional está relacionada à troca de experiências e à preservação da espécie. "Todas as regiões do país têm seus sistemas ecológicos próprios e, mesmo que não haja aningais em outras áreas do país, é importante divulgar e trocar experiências sobre os sistemas que são próprios de cada região. Isso irá colaborar para a preservação dessas espécies", disse.
(Agência Brasil, 15/07/2008)