Exemplares de mais de 30 anos de existência foram retirados da Roque Gonzales
Morador lamenta o corte das nativas que ele plantou na década de 70 na praça. Motivo é a reforma do local
Amante da biologia Wilson Machado, 85 anos, passou boa parte da sua vida plantando árvores. Morador da Rua Pinheiro Machado desde a década de 70, ele ajudou a arborizar a Praça Roque Gonzales, em frente ao Hospital de Caridade. Agora, o feito está lhe tirando o sono.
Com a reforma da praça, a prefeitura cortou cerca de oito árvores plantadas por Machado e podou outras tantas. A ação faz parte do novo projeto paisagístico do local. Com os nomes das espécies que plantou na ponta da língua, Machado ia mostrou uma a uma das que já estavam apenas um toco no solo.
- Aqui tinha uma flamboyant. E aqui podaram um sombreiro. Aquelas que as ervas de passarinho estão tomando conta não podaram. A poda despersonificou as ramificações de árvores raras. Agora, nestes galhos não nascem mais nada, vem apenas uma brotação - lamenta.
Machado ganhava mudas e as levava para a praça. Ele compara o cuidado que tinha com as árvores ao que se deve ter com um filho.
- Plantei, agüei, cuidei das árvores como se cuida de um filho. Os galhos eram daquela, que era a coisa mais linda - diz o aposentado, apontando para galhos podados de uma árvore que ainda estavam no chão.
O secretário municipal de Comunicação, Tiago Machado, diz que, pelo projeto da reforma da praça, foi impossível preservar todas as árvores. Segundo ele, havia sobreposição de galhos, o que prejudicava a iluminação, favorencendo assaltos.
- As podas das árvores foram planejadas e licenciadas. Havia um excesso de árvores que se sufocavam umas em cima das outras. Elas eram muito próximas, o que prejudicava a iluminação. A prefeitura irá repor essas árvores nativas em outros locais da cidade - garantiu o secretário.
A reforma da Roque Gonzales deve ser entregue no final do mês que vem. A obra está orçada em R$ 190 mil.
(Diário de Santa Maria, 15/07/2008)