Logo depois de nascer, em 1º de junho do ano passado, Bruna Variani ganhou uma missão respeitável. Ao lado de seus pais, ela tem desde o primeiro dia de vida a responsabilidade de zelar por uma árvore. Foi com ela que o município de Casca, no norte do Estado, inaugurou o projeto Casca Acolhe Vidas. Desde então, 38 bebês e suas famílias já receberam a incumbência de plantar pés de araçá e acompanhar seu crescimento.
Mesmo com meses de vida, a idéia da prefeitura já recebeu o respeito da comunidade local.
- Plantamos a árvore no terreno onde construiremos nossa casa. Vai ser legal acompanhar o crescimento delas. A Bruna vai poder ver a árvore crescer. Além disso, colaboramos com o ambiente - acredita a mãe da menina, a gerente empresarial Ivanir Variani, 31 anos, que já pensa em plantar mais árvores.
A opção pelos pés de araçá não é gratuita. Trata-se da espécie nativa que deu nome ao município (veja quadro) e que está ameaçada de extinção. Cada árvore é plantada no terreno da família do bebê ou em área determinada pela prefeitura. Depois, fica sob a responsabilidade dos pais da criança. O projeto é acompanhado de perto pelos bombeiros mirins da Brigada Militar, que fazem visitas periódicas para acompanhar o crescimento das mudas.
- Se cada um plantasse uma árvore, poderíamos amenizar os danos que causamos ao nosso planeta - afirma a estudante Elenara Sílvia da Rocha, 19 anos, mãe de Ana Luíza, de dois meses, que já tem uma árvore com seu nome no pátio da casa onde mora.
Iniciativa colabora para diminuir gás carbônico
Engenheira ambiental e doutora em Agronomia da Universidade de Passo Fundo (UPF), Evanisa Fátima Reginato Quevedo Melo acredita que projetos como esse são fundamentais para preservar o ambiente, mas ressalva que é preciso cuidado na hora do plantio. É necessário, alerta, conhecer as espécies e buscar a assessoria:
- Temos de pensar em uma árvore que se adapte ao local.
Além de ajudar na preservação da árvore-símbolo do município, o projeto de Casca colabora com a diminuição do gás carbônico, numa iniciativa que se assemelha aos eventos que buscam compensar a poluição gerada por sua realização com o plantio de mudas (carbon free). O engenheiro ambiental Ricardo Dinato, da ONG Iniciativa Verde, lembra que o gás carbônico que agride a camada de ozônio é absorvido pelas árvores plantadas.
- Cada pessoa pode calcular o quanto ela produz de gás carbônico e mudar seu modo de vida, usando menos o carro, por exemplo - aconselha.
(Por Leandro Belles, Zero Hora, 15/07/2008)