Rio de Janeiro - A Associação Brasileira de Energia Nuclear (Aben) reagiu às declarações dadas pelo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, que se posicionou contrário à energia nuclear e afirmou que fará exigências para que a sua pasta dê a autorização necessária à construção da usina nuclear de Angra 3 – o que deverá acontecer até o próximo dia 30.
Em nota, a Aben afirmou que “a energia nuclear é uma fonte limpa, e que é, inclusive, uma das alternativas propostas para reduzir o aquecimento global, pela Organização das Nações Unidas (ONU), no terceiro relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), e também pela União Européia”.
O presidente da Aben, Francisco Rondinelli, em entrevista à Agência Brasil, lembrou que a posição do ministro Minc contrária à energia nuclear não é nova e que as preocupações com o meio ambiente já fazem parte de qualquer projeto nuclear em implementação no mundo.
“As colocações feitas pelo ministro e a posição do Ministério do Meio Ambiente não são novas. Monitoramento de áreas externas às usinas feitas por uma empresa independente não é ruim e não tem problema nenhum. É até bom que seja feito. Quanto à recuperação de área pretendida pelo ministro, a indústria nuclear já vem fazendo isto, faz parte de qualquer projeto de instalação de novas plantas nucleares”, disse Rondinelli.
No entendimento do presidente da Aben, não serão exigências adicionais que vão trazer dificuldades para o projeto da usina de Angra 3. “O importante é o processo de licenciamento andar normalmente e conseguir cumprir o cronograma estabelecido”, disse.
Ao contrário do que afirmou o presidente da EPE, Maurício Tolmasquim, que as usinas nucleares só operariam na base em um prazo de 20 anos, Rondinelli afirmou que isto já vem acontecendo atualmente.
“Não concordo com as declarações de Tolmasquim de que a energia nuclear não tenha que operar na base de imediato e que somente para 20 anos isto será necessário. Nós avaliamos a situação de maneira um pouco diferente da EPE. Hoje, Angra 1 e Angra 2 já trabalham na base e funcionam praticamente a 100% da sua capacidade”, disse Rondinelli.
Ele lembrou, inclusive, que para fazer qualquer parada técnica para troca de combustível ou mesmo para fazer qualquer trabalho de manutenção, a Eletronuclear tem que negociar com o Operador Nacional do Sistema (ONS), “justamente para poder fazer essas paradas em períodos em que os reservatórios estejam dando conta da saída de operação de uma ou de outra usina” afirmou.
(Agência Brasil, UAI Online, 13/07/2008)