PLANO DE BUSH NÃO CONTEMPLA CO2
2002-02-18
O plano anunciado no último dia 14 de fevereiro pelo presidente norte-americano George W. Bush para atacar a questão do aquecimento global não contempla o CO2, dióxido de carbono, considerado, com o CH4 (metano), o gás estufa com maior potencial. Bush anunciou um plano envolvendo cortes nas emissões de dióxido de enxofre (SO2), óxidos de nitrogênio (NOx) e de mercúrio, estabelecendo metas de emissão que as empresas terão que cumprir. Elas poderão negociar as emissões desses gases entre si, por um sistema de quotas. O pronunciamento de Bush a esse respeito foi feito apenas três dias antes do encontro de líderes chineses e japoneses que tratou do mesmo tema. -A nova abordagem está baseada na idéia comum de que o crescimento econômico sustentável é a chave para o progresso, disse Bush. Os críticos não demoraram a aparecer. -Infelizmente, a administração Bush está usando o Dia dos Namorados para dar uma doce notícia à corporação de poluidores que patrocinou a sua campanha, disse Carl Pope, diretor-executivo da ONG ambientalista Sierra Club. Conforme a Casa Branca, o objetivo do plano do presidente norte-americano é diminuir a taxa de emissões das estimadas 183 toneladas métricas por milhão de dólares do Produto Interno Bruto (PIB) em 2002 para 151 toneladas métricas por milhão de dólares do PIB em 2012. Oficiais da administração Bush dizem que esses cortes são comparáveis àqueles estabelecidos por meio do Tratado de Kyoto, considerado por Bush como ameaçador à economia do país. Mesmo assim, os cortes dependerão ainda da boa vontade das empresas, bem como dos índices de crescimento econômico, ainda incertos. Para viabilizar o seu plano, Bush determinou, para o ano fiscal de 2003, um orçamento de US$ 4,5 bilhões para o controle dos gases de efeito estufa, o que significa um acréscimo de US$ 700 milhões em relação ao que já vinha sendo programado. O orçamento prevê também um fundo de cinco anos, no total de US$ 4,6 bilhões, para créditos a fontes de energias renováveis. O Sierra Club acredita que, mesmo assim, as emissões de gases estufa sob o plano do presidente vão crescer 36% mais do que os níveis estabelecidos por Kyoto para 2010, e 50% em relação às metas para 2020.