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refinarias
2008-07-14
Demanda mundial aquecida inflacionou o preço dos equipamentos previstos para a refinaria instalada em Araucária. Expansão irá aumentar em 10% a capacidade da empresa, que também contará com novas unidades de coque, gasolina e diesel

O aumento de preço dos insumos, dos equipamentos e dos serviços fez disparar o custo de modernização da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), em Araucária, na região metropolitana de Curitiba. O projeto – o maior da história da refinaria, criada em 1977 – estava orçado inicialmente em R$ 3,36 bilhões, mas deve superar a marca de R$ 9 bilhões, segundo projeção da Petrobras, controladora da Repar.

A expansão prevê a construção de novas unidades para a produção de coque de petróleo, gasolina e diesel, propeno, solventes e hexano, além de aumentar em 10% a capacidade, de 32 milhões para 35 milhões de litros por dia de petróleo. “Sabíamos que o custo do projeto teria de ser reajustado, mas não nessa proporção. Foi uma surpresa encontrar um mercado tão forte para aço e equipamentos”, conta o gerente-geral da refinaria, João Adolfo Oderich.
A demanda mundial aquecida inflacionou o preço dos equipamentos, que subiram de 30% a 50%, mas há casos de produtos que ficaram até três vezes mais caros, segundo o executivo. O aço, que também é comprado pela companhia – principalmente aço-liga e inox –, também disparou e já subiu em média 40%.

O cenário levou a Petrobras a montar uma força-tarefa para buscar alternativas para conter a pressão de elevação de custos. Uma equipe estuda opções de importações de equipamentos de países como China e Índia e do Leste Europeu, que conseguem entrar no Brasil com preços baixos, graças também à desvalorização do dólar. “Tradicionalmente a Petrobras importa apenas máquinas que não têm similar no mercado nacional. Mas, com o cenário atual, se forem mais baratos e dentro das especificações das normas brasileiras, vamos importar”, diz o gerente de empreendimentos da Repar, Oscar Tokikawa.

A primeira das três caldeiras previstas no projeto de modernização, por exemplo, foi importada da Eslováquia, depois que a Petrobras não conseguiu atrair empresas nacionais para a licitação. “Simplesmente não houve interesse das empresas brasileiras. O projeto era considerado de pequeno porte (180 toneladas hora de vapor), o que pode ter sido um fator de desestímulo. Com um mercado aquecido, o fabricante escolhe para quem quer vender”, afirma o gerente. O sistema da caldeira, que entra em operação em setembro, foi orçado inicialmente em US$ 30 milhões, mas acabou saindo por US$ 53 milhões.

Segundo Tokikawa, a Petrobras reviu todo o planejamento estratégico e chegou a cogitar a postergação ou até mesmo o cancelamento de uma das unidades previstas. “O acréscimo no orçamento teve de ser submetido a uma nova avaliação técnica e econômica. Mas com base na rentabilidade, na projeção de preços futuros e no balanço da Repar a empresa resolveu manter o número de unidades”, afirma. Há registros também de atrasos nas entregas de equipamentos. A previsão inicial era concluir a modernização em 2011, mas a Petrobras já revisou esse prazo para 2012.

Obras irão diversificar produção

A Repar está entre as unidades com o maior volume de investimentos em refinarias da Petrobras, que prevê destinar US$ 32 bilhões para o segmento. A modernização prevê uma série de melhorias, como a construção de mais três caldeiras a vapor, de um centro integrado de controle, novas estações de geração de energia e de tratamento de efluentes, além da implantação de cinco unidades de produção principais, dentre as quais uma para a produção de propeno e outra para coque, segmentos nos quais a refinaria ainda não atua.

A primeira unidade a entrar em operação será a de propeno, com capacidade para 150 mil toneladas ano, em março de 2009. O propeno é usado como matéria-prima do polipropileno, usado na fabricação de embalagens. Toda a produção já está contratada para a Quattor. “Esse projeto é o primeiro passo para atrair um pólo de empresas de segunda geração para a região”, acredita o gerente de implementação de empreendimento para a Repar, José Paulo Assis.

A unidade de coque, junto com a linha de gasolina, é considerada o coração do projeto de modernização. Será a última a ficar pronta, no fim de 2011. Pelo menos parte da produção, de 1.380 toneladas por dia, deve ser direcionada para a Companhia de Coque Calcinado de Petróleo (Coquepar), que pretende instalar uma fábrica no Paraná. O coque é usado na indústria de alumínio, celulose, siderúrgica e cerâmica.

O projeto também vai permitir que a Repar produza uma nova geração de combustíveis, menos poluentes, com um índice de emissão de 50 ppm (partes por milhão) de enxofre, para respeitar a legislação ambiental que entrará em vigor em 2009. As unidades de gasolina e diesel terão, cada uma, capacidade para produzir 6 mil metros cúbicos por dia. As linhas de solventes e de hexano completam o projeto.

Hoje a Repar é responsável por 12% da produção nacional de derivados de petróleo da Petrobras. Atende aos mercados do Paraná, Santa Catarina, sul de São Paulo e Mato Grosso do Sul. Com faturamento de R$ 20 bilhões, a empresa emprega 2,2 mil pessoas (CR).

(Gazeta do Povo, 14/07/2008)

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