Os ambientalistas americanos se declararam, no sábado (12/07), contra a decisão do governo do presidente George W. Bush de adiar qualquer decisão sobre os gases causadores do efeito estufa, deixando qualquer reflexão importante sobre o tema para o próximo ocupante da Casa Branca. O adiamento foi decidido depois que, no ano passado, a Suprema Corte afirmou que a Agência de Proteção Ambiental (EPA) deveria estabelecer formas de regular as emissões de gases provocadores do efeito estufa feitas por veículos.
Em um relatório de 588 páginas, divulgado na sexta-feira, a agência se eximiu dessa responsabilidade, declarando que, dada "a complexidade e magnitude do assunto", há dúvidas sobre se "os gases causadores do efeito estufa podem ser, efetivamente, controlados sob uma Lei do Ar Limpo".
O diretor da EPA, Stephen Johnson, disse que, em vez de tentar conseguir um consenso "em temas de grande complexidade, polêmica e debate legislativo ativo", decidiu publicar os pontos de vista de outras agências e abrir uma discussão sobre o texto por um período de 120 dias.
"A negativa do governo Bush em atender à determinação da Suprema Corte e fazer algo sobre o aquecimento global não é apenas ilegal, mas também flagrantemente imoral", disse Danielle Fugere, do grupo ecológico Amigos da Terra. "A falta de ação do presidente Bush perante essa crise é uma das grandes falhas de liderança na história dos presidentes americanos", acrescentou, em nota.
O diretor da EPA escreveu que a regulação da emissão desses gases, em qualquer magnitude, poderia causar "uma ampliação sem precedentes da autoridade da EPA, que teria efeito em praticamente todos os setores e afetaria todos os lares do país". Para o conselheiro da ONG Sierra Club, David Bookbinder, a declaração da agência não faz mais do que ressaltar a "total falta de credibilidade de Johnson".
"O povo americano, o Congresso, os líderes mundiais e até os funcionários de carreira do governo estão contando os dias que faltam para que termine esse governo e um novo presidente repare os danos que Bush causou e continua causando durante quase uma década de tempo perdido, tempo que não poderíamos ter desperdiçado", criticou Bookbinder, também em nota divulgada.
Em 2007, a Suprema Corte determinou que a EPA deveria considerar os gases de efeito estufa como poluidores e, conseqüentemente, agir. A decisão da Corte foi uma resposta a uma ação judicial apresentada pelo Estado de Massachusetts e mais uma dúzia de Estados e grupos ambientalistas para determinar se a agência tinha autoridade para regular esses gases.
(France Presse, Folha Online, 13/07/2008)