A empresa MMX- do grupo EBX, do bilionário Eike Batista- negou que tenha cometido "qualquer tipo de irregularidade ou ilícito nas ações ligadas à licitação que resultou na outorga da concessão da Estrada de Ferro do Amapá". A Polícia Federal afirma ter encontrado "fortes indícios de direcionamento da licitação"- que resultou na concessão de uma ferrovia que liga as cidades de Serra do Navio e Santana, no interior do Amapá. A licitação foi vencida pela MMX.
Por meio de nota, a empresa declarou ainda que não realiza quaisquer atividades de mineração de ouro no Amapá ou em qualquer outra região do país. Já a Polícia Federal informou que a Operação Toque de Midas também investiga o desvio de ouro de minas do interior do Amapá. Segundo a investigação da PF, há suspeitas de que o minério não esteja sendo totalmente declarado à Receita Federal e a outros órgãos.
Na nota divulgada no fim da tarde de ontem, a MMX informou também que ajuizou no Tribunal Regional Federal da 1ª. Região, em Brasília, uma ação para garantir amplo acesso a qualquer investigação contra a própria empresa. Procurada, a Anglo American, que anunciou um acordo de compra da MMX em janeiro, informou que "este é um assunto entre o senhor Eike Batista e as autoridades locais". Apesar do acordo, a aquisição ainda não foi efetivada.
O governo do Amapá, por meio de sua assessoria, negou que a MMX tenha sido favorecida na licitação. As discussões que subsidiaram o processo licitatório, sustenta o governo, foram realizadas com transparência. Rubem Bemerguy, ex-procurador-geral do Estado cuja casa foi alvo de mandado de busca e apreensão, afirma que não recebeu propina nem outro tipo de favorecimento para que a Procuradoria atuasse para impedir a suspensão da licitação.
Subsidiada pela MMX, a Procuradoria conseguiu evitar que a licitação fosse suspensa. A reportagem não conseguiu localizar o auditor fiscal Braz Martial Josaphat nem o deputado Jurandil Juarez (PMDB-AP). Procurado, o contador Guaracy Campos Farias, suspeito, segundo a PF, de ser o braço da MMX no processo de licitação, não ligou de volta. Segundo o governo, ele está desvinculado da administração desde o ano passado. No telefone que consta como da empresa Conterra em Macapá, ninguém atendeu. Advogados da empresa não foram localizados.
(Agência Folha, 12/07/2008)