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apa da baleia franca
2008-07-11

A temporada oficial do turismo de observação de baleias em Santa Catarina abre neste domingo, com expectativa de aumento do número de turistas. Hoteleiros, donos de pousadas e empresas que fazem transporte em barcos estimam uma demanda até três vezes maior do que a temporada de 2007. 


Embora o "whale watching" (observação de baleias) não seja uma prática popular no país, e não movimente grande massa de adeptos, vem ajudando os hoteleiros, principalmente do litoral sul catarinense, em um período que seria de fraca temporada: o inverno. As baleias chegam nas proximidades de Laguna, Imbituba e Garopaba entre julho e novembro, com o pico ocorrendo na segunda quinzena de agosto e no mês de setembro. 

"Demorou para as pessoas tomarem consciência e acreditar no turismo relacionado à observação de baleias. No início, nem os moradores dessas regiões acreditavam que havia baleias", diz Karina Groch, coordenadora do Projeto Baleia Franca, que atua na preservação do mamífero há 25 anos. 

O turismo ainda não é totalmente organizado, concordam empresários do setor, mas está evoluindo. Há restaurantes na região que ainda preferem não operar no inverno, mas já existem pessoas que se movimentam em torno da observação da baleia franca, como guias turísticos, embarcações, hotéis e pousadas. 

Enrique Littmann, vice-presidente do Instituto Baleia Franca (IBF), e dono do Ecoresort Vida, Sol e Mar e de um barco que realiza passeio para observação de baleias, espera transportar 3 mil pessoas nesta temporada. Em 2007, foram 1,1 mil. Mesmo que esteja com expectativa de triplicar o tamanho de turistas embarcados, ele diz que isso ainda é pouco. "O avanço desse tipo de turismo ainda é tímido porque tanto o governo catarinense quanto o governo federal não investem muito nisso". Na África do Sul, que começou a realizar esse tipo de turismo há 10 anos, como Santa catarina, hoje recebe mais de 100 mil turistas por ano. No Brasil, a estimativa mais otimista é de cerca de 10 mil. 

Littmann investiu em um barco maior, de 60 lugares. Começa a existir uma demanda maior, diz, porque houve divulgação, ainda que tímida, por parte do governo em feiras internacionais de turismo. "Mas muitas pessoas ainda nem sabem que isso existe". A Embratur não tem uma ação específica para divulgar o "whale watching". Promove o ecoturismo no Brasil, principalmente, nos Estados Unidos e na Europa. 

É difícil precisar quanto o turismo de observação de baleias movimenta de receita em SC. Mas, pode-se estimar que vem crescendo, de carona no crescimento geral do turismo em SC. Segundo dados oficiais, no verão de 2007 foram 4 milhões de turistas no Estado, que geraram receita de US$ 1,2 bilhão. No verão de 2008, 4,3 milhões de pessoas e US$ 1,5 bilhão em receita. 

Segundo o estudo "Estado del Avistamiento de Cetáceos en América Latina", de Erich Hoyt e Miguel Iñíguez, em 2006 havia 885,7 mil observadores de baleias na América Latina e espera-se que essa cifra chegue a 1,4 milhão até 2010. 

O turista que visita SC é interessado em ecoturismo, tem nível superior e vem de grandes centros como São Paulo, Porto Alegre e Rio de Janeiro. Quase 50% é de estrangeiros. A observação pode ser feita em terra ou em barcos. Nestes, segundo o Ibama, é preciso desligar o motor a 100 metros de distância do mamífero. 

O presidente da Associação de Guias Turísticos da Área de Preservação Ambiental da Baleia Franca, Júlio Vicente, diz que em 2007 foram transportadas 500 pessoas no barco da associação. A expectativa para 2008 é de 500 a 800. Na pousada Quinta do Bucanero são esperadas nesta temporada 228 pessoas. Em 2007, foram 190. O Imbituba Praia Hotel, que teve ocupação média de 40% de seus 64 quartos em 2007, espera repetir o desempenho neste ano. No Silvestre Praia Hotel, a ocupação foi de 50% em 2007 e a expectativa é de chegar a 60% neste ano. 

O número de baleias francas cresce 14% ao ano. Cerca de 500 visitam SC. Em média, são avistadas de 100 a 200 por temporada. 

(Por Vanessa Jurgenfeld, Valor Online, 11/07/2008)


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