As espécies de eucalipto transgênico liberadas em janeiro deste ano pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) para os testes em campo - última fase antes da comercialização - poderão ser vendidas a partir de 2011. A vantagem apontada por especialistas é que as plantas podem ter os níveis de lignina (material que une as fibras da madeira) reduzidos. Com redução de 1% de lignina por metro cúbico de madeira, uma indústria com produção anual de 300 mil toneladas terá economia de R$ 1 milhão no período.
"A economia se dará principalmente com produtos químicos e energia, que também reduzem a poluição", afirma Giancarlo Pasquali, pesquisador da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e membro da CTNBio. Ele revela que 80% dos estudos estão relacionados à redução de lignina e aumento da celulose nas plantas. Mas, segundo informa, há também variedades em estudo com tolerância a seca e insetos.
Fernando Gomes, gerente de desenvolvimento e produção da empresa americana de biotecnologia Arbogem, destaca o benefício ambiental que as novas variedades devem proporcionar. "Elas vão permitir extrair mais celulose de uma área menor. E isso é muito bom do ponto de vista ecológico e do empresarial também". Segundo informa, a empresa investe anualmente US$ 15 milhões em pesquisas para melhoramento genético.
O Brasil e a Índia são os maiores produtores de eucalipto do mundo. Cada um possui 40% do mercado mundial desta planta. O mercado brasileiro de florestas movimenta US$ 28 bilhões anuais, o que é creditado à boa tecnologia e condições climáticas para o desenvolvimento das árvores. "A produção no País é 100% plantada", ressalta Pasquali.
Enquanto o custo de produção de celulose aqui é de US$ 157,00 a tonelada, nos EUA, maior produtor de celulose do mundo, o custo é US$ 304 com pinus. O pesquisador explica que isso ocorre porque o eucalipto demora 7 anos para atingir o ponto de corte, metade do que leva o pinus, e só cresce em regiões com clima tropical.
O professor do Departamento de Ciências Florestais da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) explica que se forem observadas as normas para plantio, o eucalipto pode ser comparado a qualquer outra cultura, no que diz respeito à preservação do meio ambiente. "É lógico que se for plantada uma grande área próximo a bacias hidrográficas, as reservas de água vão diminuir". Para ele, o ideal é que seja cultivada em regiões com um índice de chuva acima de 1000 milímetros/ano.
"Mesmo assim não se pode dizer que a silvicultura desaparece com a água. Mas precisam ser observadas regras ambientais", explica o professor. Ele argumentou que o índice de aproveitamento de área é de 50%. O restante deve ser mantido como área de preservação.
"Toda monocultura é prejudicial. Milho e café também empobrecem o solo. Eucalipto consome nutrientes na mesma proporção, o que deve ser corrigido com adubação", informou Haroldo Nogueira de Paiva, professor do departamento de engenharia florestal. Universidade Federal de Viçosa (UFV).
(Gazeta Mercantil. Adaptado por
Celulose Online, 11/07/2008)