O diretor-geral do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), Hermes Chipp, criticou nesta quarta-feira (09) o fato de o país não ter um programa de uso racional de energia elétrica. Para ele, a preservação de energia de forma voluntária é fundamental para os planos de crescimento econômico do Brasil.
"Os países mais desenvolvidos adotam campanhas de redução de consumo como uma coisa normal. Faz parte da estratégia da política do país. Precisamos amadurecer nesse sentido. Em um sistema como o nosso, predominantemente hidrelétrico, se depende muito de água, que traz maior incerteza", afirmou, durante palestra promovida pelo Gesel (Grupo de Estudos do Setor Elétrico), no Instituto de Economia da UFRJ, no Rio.
Na visão de Chipp, o país ainda não tem amadurecimento suficiente para debater a questão, já que as questões políticas sempre vêm à frente. Para ele, a racionalização de energia deve ser vista como uma coisa natural, e não como ameaça de falta de energia. Ele negou que haja discussões sobre a implementação de programas deste tipo no país.
Ele citou como exemplo das variações do período hidrológico o atual nível dos reservatórios do país. Ainda que os volumes atuais não demonstrem qualquer risco de falta de energia, Chipp disse que o volume médio atual está 5% abaixo do verificado em igual período no ano passado, mesmo com maior uso de usinas termelétricas este ano.
Hermes Chipp acrescentou que já está em audiência pública recomendação do ONS que estipula nível mínimo para os reservatórios no período entre dezembro e março. Para o sistema Sudeste/Centro Oeste, os reservatórios teriam um nível mínimo de 53% de enchimento; para os reservatórios do Nordeste, o mínimo seria de 35%.
Pelos cálculos do ONS, de acordo com os níveis atuais, seriam necessários pelo menos mais 1.500 MW/médios (megawatts/médios) de geração termelétrica para cumprir a meta que está em avaliação.
"Não estou falando em desabastecimento, estou falando em atingir um nível-meta. Ainda tenho período úmido, e água que ainda pode vir até novembro, que vai substituir essa falta", observou.
Chipp disse ainda que o ONS não pretende ordenar que se liguem as térmicas movidas a óleo, cujo custo de geração é mais caro.
"Não vamos gastar térmica a óleo até novembro, não vamos impor esse custo à sociedade nessa fase. Ainda tenho tempo até chegar novembro", disse.
(Por Cirilo Junior, Folha Online, 09/07/2008)