O compromisso sobre as alterações climáticas anunciado na cimeira do G8 no Japão é insuficiente para deter o sobre-aquecimento do planeta, defendeu o director do Programa das Nações Unidas para o Ambiente (Pnua), Achim Steiner, na rádio alemã NDR.
Quando os jornalistas da NDR lhe perguntaram se o acordo conseguido no Japão permitirá travar as alterações climáticas, Steiner respondeu: “não, de maneira nenhuma”. Os países do G8 (Japão, Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, Alemanha, França, Itália e Rússia) “não deram passos para trás mas acredito que ainda estamos longe do que precisamos fazer hoje”, acrescentou.
“Estamos a perder tempo. As consequências tornam-se cada vez mais dramáticas, o custo para inverter a tendência de aquecimento global é cada vez mais elevado”, lembrou. Hoje, os países industrializados do G8 estiveram reunidos com as economias emergentes (G5) no Japão e acordaram uma “visão comum” sobre o problema das alterações climáticas mas não chegaram a fixar nenhuma meta para a redução das emissões de gases com efeito de estufa.
Alterações climáticas: dezasseis anos de promessas internacionais
O comunicado dos países do G8 na cimeira de Toyako é a última de uma série de declarações políticas relativas à redução das emissões de gases com efeito de estufa. Estas são as mais marcantes:
1992:
A Cimeira da Terra, no Rio de Janeiro, elabora a Convenção da ONU para as Alterações Climáticas (UNFCCC, sigla em inglês) e apela a uma redução voluntária das emissões de gases com efeito de estufa (GEE).
1997:
É adoptado o Protocolo de Quioto, primeiro acordo internacional incluindo objectivos concretos de redução de GEE. O objectivo para os países industrializados é a redução de 5,2 por cento das suas emissões até 2008-2012, em relação a níveis de 1990.
2001:
Os Estados Unidos, responsáveis por um quarto das emissões mundiais de GEE, rejeitam o Protocolo de Quioto, alegando ser prejudicial para a economia norte-americana e injusto, por não incluir a China e a Índia.
2007:
O Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC, sigla em inglês) prevê um aumento provável das temperaturas médias mundiais de 1,8 a 4 graus até 2100, em relação a níveis de 1990. Considera que as emissões deverão começar a diminuir a partir de 2015 para limitar o sobre-aquecimento em dois graus até 2100.
A União Europeia decidiu, unilateralmente, reduzir as suas emissões em 20 por cento até 2020, em relação a níveis de 1990. Propõe elevar este objectivo aos 30 por cento se não se chegar a nenhum acordo internacional.
O G8 acorda a necessidade de reduzir “de forma substancial” as suas emissões de GEE, comprometendo-se a considerar “seriamente” a proposta europeia de reduzir para metade as emissões mundiais até 2050.
A Conferência da ONU sobre alterações climáticas adopta um calendário que sublinha a “urgência” de uma acção internacional face ao sobre-aquecimento.
2008:
O G8 apoia “prever e adoptar (...) um objectivo de redução de, pelo menos, 50 por cento das emissões mundiais de GEE até 2050”.
(AFP, Ecosfera, 09/07/2008)