Uma paisagem triste marca o trajeto do Rio dos Sinos pelas cidades de São Leopoldo, Novo Hamburgo e Campo Bom. Resultado da enchente histórica ocorrida em maio deste ano, as árvores das margens ostentam milhares de sacolas, garrafas PET e artefatos plásticos pendurados nos galhos. Para o diretor do Instituto Martim Pescador e navegador assíduo do Sinos, Henrique Prieto, é praticamente impossível remover o lixo dos galhos devido ao difícil acesso na maioria dos pontos.
Em alguns pontos, como nas proximidades da estação rodoviária, junto à ponte 25 de Julho, no Centro de São Leopoldo, há lixo pendurado 3 metros acima do nível da água. Segundo Prieto, diferente da enchente de 1965, a maior enfrentada pela região, a herança ambiental da última cheia deve permanecer por centenas de anos. 'Em 1965, o uso do plástico era praticamente nulo perto do que se usa hoje', explica o ambientalista.
Além das árvores ribeirinhas que ostentam o lixo levado pela correnteza e preso aos galhos, há ainda muitos resíduos nas margens do rio. Os tradicionais mangotes, que faziam a retenção de 80% do material flutuante junto à ponte sobre a BR 116, em São Leopoldo, foram retirados em maio para facilitar a vazão da água e evitar represamentos. Segundo o ambientalista, a recolocação das barreiras, que reuniram 120 toneladas de lixo em 2007, deve acontecer em breve.
A maior cheia do Sinos nos últimos 43 anos elevou o nível das águas de 3,80 metros para 8 metros em diversos pontos da região. Os sacos plásticos podem atingir a fauna se forem ingeridos por algum animal. É preocupante também a herança deixada para as próximas gerações, já que uma sacola leva até 500 anos para se decompor.
(Correio do Povo, 10/07/2008)