O cuxiú-preto está entre as espécies de primatas mais ameaçadas no Brasil, mas pesquisas indicam que, mesmo precisando de muito espaço, esses animais têm capacidade de se adaptar à perda de seu hábitat natural, provocada pela intervenção humana.
Em uma ilha do reservatório da Usina Hidrelétrica de Tucuruí, um grupo de oito macacos vive há 22 anos em uma área de apenas 20 hectares. “Eles têm conseguido sobreviver e se reproduzir em áreas bem menores do que se imaginava possível”, disse Liza Veiga, pesquisadora associada do Museu Paraense Emílio Goeldi, que observa o comportamento dos primatas desde 2001.
Com circulação cada vez mais restrita, os animais se alimentam de flores e até mesmo de terra de cupinzeiro. A espécie Chiropotes satanas consta há vários anos na lista vermelha de primatas da União Mundial para a Conservação da Natureza (IUCN). A atualização da lista, feita a cada quatro anos, será lançada em agosto, durante o 22º Congresso da Sociedade Internacional de Primatologia (IPS), em Edimburgo, na Escócia.
O estudo de Liza, desenvolvido no Museu Goeldi desde outubro de 2007, envolve comportamento, ecologia e conservação do cuxiú-preto. A pesquisa é desenvolvida nas áreas do reservatório de Tucuruí, na chamada Base Quatro, com apoio financeiro da Eletronorte.
Essa espécie de primata é encontrada desde a margem direita do rio Tocantins até os limites orientais e meridionais da floresta Amazônica, no Maranhão. Seus hábitos incluem viver em amplas áreas com deslocamentos diários de até mais de seis quilômetros.
“A organização social do cuxiú-preto é chamada fissão-fusão, caracterizada pela formação de grandes grupos que se subdividem em pequenos subgrupos com vários tamanhos que se intercomunicam. Essa subdivisão ocorre em parte de acordo com a disponibilidade espaço-temporal de comida”, disse a pesquisadora.
Mais informações: www.museu-goeldi.br
(Agência Fapesp, 10/07/2008)