Falta de infra-estrutura do Instituto Chico Mendes provoca protesto de servidoresBrasília. O Ministério do Meio Ambiente admitiu ontem que pelo menos 60 reservas ambientais federais não têm sequer um gestor para protegê-las. As áreas sem supervisor correspondem a 20,6% de todas as unidades de conservação da União, de acordo com levantamento entregue pela direção do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade ao ministro Carlos Minc. O ministro prometeu anunciar hoje um pacote de medidas emergenciais para frear a alta no desmatamento em áreas protegidas, revelada na edição de domingo do GLOBO.
Segundo o relatório, 50 reservas extrativistas ainda não têm plano de manejo para evitar a derrubada de árvores. Outras 50 florestas nacionais, áreas com menos restrições para o uso, estão despreparadas para extrair madeira de origem certificada.
A falta de infra-estrutura do Chico Mendes para administrar as reservas ambientais foi o mote do primeiro protesto de servidores do instituto e do Ibama na gestão de Minc, realizado ontem na Esplanada dos Ministérios. Cerca de 30 servidores fizeram um apitaço contra o aluguel de uma nova sede para o instituto, ao custo estimado de R$6 milhões anuais. O presidente da Associação dos Servidores do Ibama, Jonas Corrêa, disse que o valor é quase o dobro dos R$3,8 milhões investidos nas 38 unidades de conservação da Amazônia:
- É um absurdo. Não há dinheiro nem para pagar a gasolina dos carros de fiscalização.
A direção do Chico Mendes defendeu a mudança e informou gastar outros R$30 milhões com servidores e material de consumo nas unidades.
O anúncio dos dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais que mostram uma nova alta no desmatamento da Amazônia em maio foi adiado para a semana que vem. Pela primeira vez, a Casa Civil interveio na divulgação dos números, que têm sido contestados por representantes do agronegócio e pelo governador de Mato Grosso, Blairo Maggi. O Planalto informou que quer analisar os dados para "verificar se as críticas procedem e avaliar a metodologia usada pelo instituto", segundo a assessoria da Casa Civil. O presidente do Inpe, Gilberto Câmara, foi convocado para uma reunião, dia 17, com a ministra Dilma Rousseff e o presidente Lula.
(O Globo
, FGV, 08/07/2008)