Organizações sociais de todo o mundo assinaram a Declaração Final "Desafio aos governos do G-8" que será entregue à cúpula hoje (09/07), quando termina a reunião dos países mais ricos do mundo e a Rússia. O documento traz críticas às políticas implementadas pelo grupo relacionadas às mudanças climáticas, à crise alimentar e à dívida externa. Segundo a declaração, o encontro do G-8 é uma oportunidade para que os povos possam exigir que os governos tratem dos dois problemas que estão castigando a humanidade atualmente, que são a crise alimentar e a climática, e também da questão da dívida externa que contribui para as duas crises.
"O pagamento de enormes quantidades de serviço da dívida amplia os efeitos da crise alimentar e climática e diminui a capacidade dos países e povos do Sul de enfrentar tais crises. Esta faz parte da injustiça da dívida e tão somente por isso o cancelamento da dívida se faz urgente", afirma a declaração.
Sobre a crise alimentar, as entidades apontam como causas o alto preço do petróleo, a piora das condições climáticas e a manipulação dos preços por parte de cartéis comerciais e especuladores locais e internacional. "A crise alimentar pode também ser atribuída às políticas econômicas que foram impostas aos países do Sul durante década, a partir da dívida, do acesso aos créditos e do alívio da dívida como instrumento de coerção", acrescentam.
Com relação à crise climática, as organizações culpam os governos do G-8. "A metade das emissões mundiais de gases de efeito estufa provém dos países pertencentes ao G-8. A maioria, senão todos, dos países do G-8 estão por trás das agências de redução de emissões de gases de efeito estufa", destacam.
Levando em consideração tudo isso, as entidades exigem do G-8 que sejam canceladas as dívidas ilegítimas, que deixem de financiar projetos e políticas que contribuam para as mudanças climáticas, que respeitam os esforços dos países do Sul para reverter políticas prejudiciais que levaram à crise alimentar, que proíbam a especulação nos preços dos alimentos, que acabem com a prática de utilizar créditos e cancelamento da dívida para impor condicionalidades, que paguem as restituições e reparações pelas enormes dívidas ecológicas que devem ao Sul e que facilitem o retorno das riquezas roubadas que se encontram nos bancos dos países do G-8.
(Adital, 09/07/2008)