Líderes do G8 (composto por Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Reino Unido, Itália, Japão e Rússia) exigiram que o Irã interrompa imediatamente seu programa de enriquecimento de urânio e pediu que o país responda positivamente à mediação internacional.
Reunidos em cúpula no Japão, líderes do G8 pediram que o Irã esteja totalmente de acordo com as resoluções do Conselho de Segurança da ONU, "em particular com a de suspensão de todas as atividades relacionadas a enriquecimento" de urânio. Os líderes apóiam um esforço de mediação de seis países "para resolver a questão de modo inovador, por meio de negociação, e pedem que o Irã responda positivamente".
O enriquecimento de urânio é um processo essencial para a geração de combustível usado no funcionamento das usinas nucleares. Em grande escala, o urânio enriquecido pode ser usado para carregar ogivas atômicas. Os Estados Unidos e alguns de seus aliados acusam o Irã de desenvolver em segredo um programa nuclear bélico. O governo iraniano nega, assegura que suas usinas atômicas têm fins estritamente pacíficos de geração de energia elétrica e já declarou em diversas ocasiões que não pretende interromper suas atividades nucleares.
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), braço da Organização das Nações Unidas (ONU) responsável por acompanhar o cumprimento das regras do Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP) por parte dos signatários do acordo, considera o programa nuclear civil do Irã dentro da legalidade.
Resposta insuficiente - O Irã não menciona a suspensão de suas atividades nucleares delicadas, reivindicada pela comunidade internacional, em sua resposta à oferta das seis potências que realizam negociações sobre o programa atômico iraniano, informou nesta terça-feira o Ministério de Exteriores da França.
Na carta iraniana, "não há uma menção da suspensão das atividades sensíveis", o que "não corresponde a nossos desejos", afirmou o porta-voz diplomático francês, Eric Chevallier, à imprensa. "Agora examinaremos a carta coletivamente a seis e adotaremos uma posição comum", disse o porta-voz, ao afirmar que se trata de um tema "extremamente importante" e, portanto, não convém se precipitar. "Parece razoável tirar tempo para refletir", disse Chevallier, ao lembrar a importância que os seis países dão à suspensão das atividades nucleares sensíveis iranianas.
Em sua oferta de incentivos ao Irã para que renuncie ao programa de enriquecimento de urânio, os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia e China) e a Alemanha condicionaram a abertura de negociações à suspensão dessas atividades por Teerã.
O Irã disse várias vezes que está disposto a negociar, mas sem renunciar a seu direito de prosseguir com o programa nuclear, que diz ser pacífico, enquanto os países ocidentais suspeitam que quer obter a arma nuclear. O presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, denunciou na segunda-feira como "ilegítima" a exigência dos seis países de que Teerã suspenda seu programa de enriquecimento de urânio, segundo a agência Irna.
O Irã entregou sua resposta à oferta das seis potências na sexta-feira passada ao alto representante de Política Externa e Segurança Comum da União Européia (UE), Javier Solana, que não quis revelar o conteúdo da carta à imprensa em Paris. No entanto, Solana reconheceu que o assunto é "difícil" e complicado, e disse que não quer criar uma impressão "totalmente otimista", mas acredita que há "uma certa abertura à negociação".
(Estadão Online, AmbienteBrasil, 09/07/2008)