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coleta seletiva separação de lixo
2008-07-09

Porto Alegre foi a primeira capital brasileira a implantar a coleta seletiva de lixo em 7 de julho de 1990. Quando o primeiro caminhão do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) cruzou o Bom Fim num projeto piloto, quase ninguém sabia como separar corretamente os resíduos. Nem que eles renderiam dinheiro e polêmicas.

Das 960 toneladas de lixo recolhidas diariamente, mais de 60 são recicláveis. Parece pouco, mas é o melhor índice do país, representando 29% do material potencialmente reutilizável - a média brasileira é de 20%.

Considerada referência, a coleta seletiva da Capital é dos poucos serviços que o DMLU ainda não repassou por completo à iniciativa privada. Os 20 caminhões e os motoristas que trabalham no setor são ligados ao órgão municipal. Já os garis, foram terceirizados.

São 14 unidades de triagem da Prefeitura e até o final do ano outras duas serão inauguradas: uma no começo da Ramiro Barcelos, no bairro Floresta, e outra na Lomba do Pinheiro. Os atuais 713 trabalhadores - cooperativados - recebem entre R$ 450,00 e R$ 500,00 por mês. 

Limite entre bairros confunde moradores
Na Ramiro Barcelos, está difícil determinar os dias da coleta seletiva. “Separo inclusive plástico de papel. Mas desde que cheguei ao bairro, em setembro de 2007, consegui entregar para o DMLU meia dúzia de vezes”, reclama uma moradora do número 1561, bem na divisa entre Bom Fim e Rio Branco.

Os vizinhos de porta também desconhecem a periodicidade da coleta seletiva e nem mesmo os proprietários do mini-mercado em frente ao edifício souberam informar corretamente.  “O folder do DMLU diz terça e sexta, alguns moradores falam que é sábado e quarta. Já coloquei em todos os horários e, quando volto, o lixo está lá ou foi levado por catadores, que deixam o que não querem pelo chão”.

O diretor de projetos sociais do DMLU, Jairo Armando dos Santos, argumenta que a confusão é causada por se tratar de uma rua limite entre dois bairros. “A Ramiro Barcelos é privilegiada por ser via de acesso para diversas regiões. O caminhão passa várias vezes na semana”, reconhece.

“O serviço funciona muito bem lá. O problema é muitas pessoas não sabem em que bairro moram”, isenta-se, ao mostrar um elogio de uma moradora da Cauduro, que parabenizava o órgão pela eficiência.

No entanto, a crítica se repete na Venâncio Aires. Gerente de uma farmácia há quatro anos, Cláudio Renato desistiu da coleta seletiva. Ele guarda todas as caixas de papelão e embalagens para uma catadora. “Em cada semana, o DMLU passa num dia diferente”, denuncia.

Condomínios podem agendar coleta
Cansada de buscar informações através do telefone do órgão público, a moradora da Ramiro perguntou diretamente ao um gari sobre a freqüência. “Nem ele sabia ao certo”, lamenta. A solução foi passar seu endereço ao funcionário do DMLU, que desde então, por volta das 8h30 de sábado, bate no interfone para buscar os recicláveis. “Como ele afirmou que não recolhe da calçada nesse dia, sou obrigada a ficar em casa até ele chegar”, admira-se.

Santos garante que a prática não é a usual. Segundo o diretor, o DMLU cadastra apenas condomínios e não unidades individuais. “Fazemos isso há um ano para evitar que o lixo seja colocado nas calçadas e estamos com 5.800 prédios agendados na cidade”, informa.

No Bom Fim, 155 edifícios participam desse sistema. O número 366 da Felipe Camarão é um deles. Lá os 24 condôminos estão satisfeitos com o trabalho da Prefeitura, que recolhe semanalmente todo o lixo do prédio. O morador Natalio Segal, de 75 anos, só tem um reparo: “poderiam ter mais calma, eles passam correndo, às vezes quase perdemos”.

Eficiência dos catadores convence
Sem a certeza das datas da coleta oficial, moradores e comerciantes agendam dia certo com catadores ilegais. “Essa moça vem religiosamente na hora marcada”, constata o gerente da farmácia da Venâncio. Moradora da Vila Planetário, no bairro Santana, Solange, 27 anos, tem trajeto e clientes definidos. As terças e quintas, ela recolhe de casas e comércios da rua Venâncio Aires, Santa Teresinha e  Jacinto Gomes. Nas segundas, quartas e sextas a dedicação é exclusiva aos apartamentos da João Telles e Tomaz Flores.
 
No final do dia, ela vende os materiais para um atravessador, que repassa aos depósitos de reciclagem. A renda é sazonal, mas gira em torno de R$ 100 por semana. Já Rodrigo, 22 anos, ainda não fidelizou os clientes. Na atividade há seis meses, ele disputa os materiais com os demais catadores e revira as sacolas atrás de garrafas plásticas. “O papelão é pesado e vale menos”, revela o homem que consegue entre R$20,00 e R$ 30,00 por dia.

Todas as tardes ele percorre o bairro até o viaduto da Conceição. “No fim do dia tem mais lixo e fica concorrido. Mas cada um tem o seu horário”, observa.

Em busca da confiança de fornecedores fixos, Rodrigo faz questão de não deixar resíduos na calçada quando tem que abrir as sacolas para ver se há alguma coisa aproveitável. “O pessoal reclama que a gente mexe no lixo, mas eles é que não separam”, indigna-se, ao fechar cuidadosamente os sacos.

Há também quem entrega aos catadores por opção. “Sei os dias de coleta, mas prefiro ajudar um senhor”, diz um comerciante. Dono de uma tabacaria, Paulo Sanches também repassa diretamente os recicláveis. “Isso gera renda para eles”, entende.

(Por Helen Lopes, JornalJÁ, 08/07/2008)


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