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política agrícola brasileira biocombustíveis
2008-07-08

Até o ano 2000, o setor primário da economia brasileira participava com pouco mais de 2% do total de investimentos estrangeiros. Em 2007, esse índice chegou a 14%, totalizando investimentos na ordem de US$ 12 milhões (um crescimento da ordem de 500%). Setor energético também é alvo de interesse do grande capital internacional.

Os investimentos estrangeiros em atividades agrícolas, de extração mineral e petróleo estão crescendo em um ritmo maior que nos ramos da indústria e serviços, segundo estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Até o ano 2000, o setor primário da economia brasileira participava com pouco mais de 2% desse total de recursos. Em 2007, esse índice chegou a 14%, totalizando investimentos na ordem de US$ 12 milhões (um crescimento da ordem de 500%).

Segundo o estudo do Ipea, esse aumento está relacionado à expansão dos mercados de biocombustíveis, de alimentos e outros insumos, processo este vitaminado pela alta de preços desses produtos. O grupo inglês Clean Energy Brazil, por exemplo, desembolsou em um ano U$ 200 milhões no setor canavieiro, adquirindo o controle pleno de três usinas de etanol e açúcar.

O economista do Instituto de Estudos Socioeconômicos, Evilásio Salvador, adverte sobre as conseqüências deste processo. “Estrategicamente, isso pode trazer uma maior dependência desses capitais externos em setores vitais como a produção de alimentos, essencial em termos de abastecimento e segurança alimentar da população. Para não falar do fato de que a chegada dos investimentos estrangeiros têm uma contrapartida que é a remessa desses lucros para o exterior, fato que pode trazer implicações para o saldo da balança comercial”.

O economista adverte ainda que em razão da valorização do real frente ao dólar esses investidores têm uma dupla possibilidade de lucro. Ganham com o câmbio e ganham com os lucros das empresas onde foi investido dinheiro. Além disso, quando o lucro é remetido ao exterior, não pagam imposto por ele.

Leilões de energia
O setor de produção de energia também tem sido muito procurado pelo capital internacional. A empresa espanhola Isolux Ingeniería, por exemplo, adquiriu um dos lotes mais disputados da seção de linhas de transmissão, no leilão realizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), dia 27 de junho. Os espanhóis ofereceram mais de US$ 46 milhões pelas linhas de transmissão Tucuruí-Xingu e Xingu-Juruparí, além das subestações de Xingu e Jurupari.

O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) criticou o negócio. Para o coordenador nacional do MAB, José Josivaldo Oliveira, a geração de energia, um setor estratégico para o país, está sendo entregue ao capital estrangeiro. Segundo ele, “é cada dia mais evidente a desnacionalização das riquezas brasileiras”.

“Primeiro se entrega o rio, a geração de energia e sua produção. Depois se entrega a transmissão e a distribuição. Estamos correndo na contramão do objetivo da soberania nacional energética”, criticou. No leilão do dia 27, a empresa espanhola derrotou o consórcio formado pelas Centrais Elétricas do Norte (Eletronorte), pela Companhia Hidroelétrica do Rio São Francisco (Chesf), pela espanhola Abengoa e pelo fundo de investimentos em participações Brasil Energia.

Até o final de setembro, deverá ir a leilão o conjunto de linhas de transmissão ligando o complexo das usinas que serão construídas no rio Madeira (Rondônia) ao município de Araraquara (SP). O governo já publicou no Diário Oficial da União uma resolução do Conselho Nacional de Desestatização (CND) que propõe a inclusão dessas linhas no Programa Nacional de Desestatização.

(Carta Maior*, 07/07/2008)
* Com informações da Radioagência Notícias do Planalto e IPEA.


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