O presidente Bush e os outros líderes do G8 deram início na segunda-feira (7), no Japão, à sua reunião anual de cúpula, em meio às expectativas de que comprometam-se a combater a mudança climática, a disparada dos preços da energia e o impacto global de uma economia norte-americana em crise. Porém, se a história servir como guia, os três dias de reunião produzirão muitas fotos de figurões, mas poucos resultados.
Não era esta a idéia quando este evento ocorreu pela primeira vez, em meados da década de 1970, com o objetivo de reunir os mais importantes protagonistas econômicos mundiais para uma rodada de discussões das questões contemporâneas mais urgentes. Hoje, porém, o G8 tem a reputação de ser um grupo de muita conversa e pouca ação. Além do mais, qualquer grupo de potências globais que incluía a economicamente modesta Itália, sem incluir um peso-pesado como a China, tem um problema de credibilidade.
"Vejo o processo do G8 como um fracasso total. Ele é um retrato do passado, e não do futuro", afirma Kishore Mahbubani, diretor da Escola de Políticas Públicas Lee Kuan Yew, em Cingapura. Além dos Estados Unidos, o G8 inclui o Canadá, o Reino Unido, a França, a Alemanha, a Itália, o Japão e a Rússia (desde 1991). Críticos como Mahbubani afirmam que novas potências - especialmente a China, cuja economia atual é 14 vezes maior do que era em 1980 - precisam tornar-se membros para que o G8 continue tendo relevância.
No ano passado, durante o encontro de cúpula na Alemanha, o G8 deu um passo discreto rumo a uma reforma ao implementar um "diálogo" periférico com cinco economias emergentes: China, Índia, Brasil, África do Sul e México. A medida pouco contribuiu para conter as reclamações. "O atual formato não é realmente sustentável por muito tempo", afirmou Antônio Patriota, embaixador do Brasil na Organização das Nações Unidas (ONU), ao falar na semana passada em um fórum no Nixon Center, em Washington, D.C.
Em uma recente pesquisa realizada em 16 países com 76 autoridades governamentais e especialistas em política externa, 63% apoiaram a idéia de transformar os cinco países em membros integrais do grupo. Apenas 8% dos entrevistados por Colin Bradford, da Brookings Institution, disseram acreditar que a população mundial considera a composição do G8 legítima.
Mas acrescentar novos membros não é algo tão simples como fazer os convites. Em 1975, no seu período de criação, cujas origens estavam enraizadas na Guerra Fria, o G6 - que um ano mais tarde virou G8, com o ingresso do Canadá - era um grupo de democracias de pensamento semelhante. Acrescentar a China, um Estado de um só partido, alteraria a característica do conjunto.
E um excesso de novos membros também poderia tornar as conversações improdutivas. Uma forma de enxugar essa estrutura seria agrupar a Alemanha, a França, o Reino Unido e a Itália, que atualmente ocupam cadeiras distintas, em uma só cadeira referente à União Européia. Mas nenhum dos membros atuais apresentou-se como voluntário para abandonar este assento exclusivo.
(Por David J. Lynch, USA Today, UOL, 08/07/2008)