O primeiro leilão de "boi pirata", apreendido em áreas de conservação da Amazônia, será realizado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) na segunda-feira (14). Os animais foram apreendidos por fiscais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e da Polícia Federal em operação realizada no mês passado no município de Altamira, no Pará.
O preço de venda dos animais será divulgado até sexta-feira (11) Uma fonte da iniciativa privada explicou que não há muitas informações sobre o preço do boi gordo na região. Estima-se que a arroba seja vendida por cerca de R$ 76, livre de impostos, no Pará. Em São Paulo, uma das principais praças de comercialização do País, alguns lotes foram vendidos por até R$ 94 por arroba na última sexta-feira (4).
No total serão oferecidos 3.500 bovinos no leilão da próxima semana, venda que foi acertada entre Conab, Ibama e Ministério do Desenvolvimento Social. O dinheiro arrecadado será destinado ao programa Fome Zero. Esta é a primeira vez que a estatal faz um leilão desse tipo. A responsabilidade pela fiscalização e pelo processo de entrega dos animais é do Ibama.
A retirada deve ser feita pelo comprador. Pecuaristas ou frigoríficos de qualquer região do País podem participar do leilão. A única exceção é Lourival Medrado Novaes dos Santos, dono da Fazenda Lourilândia, onde os animais eram criados em área de preservação ambiental.
A negociação será realizada de acordo com definições de um regulamento aprovado pelo Ministério da Agricultura, no início deste ano. O documento prevê a venda de mercadorias recebidas em doação e que são destinadas a ações sociais. Desde 2005, a área da Estação Ecológica da Terra do Meio, no Pará, foi declarada de conservação e há um ano a Justiça determinou a saída dos criadores de gado do local.
O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, já se manifestou contrário a proposta de confisco de bois criados em áreas desmatadas ilegalmente. Ele defende a assinatura de um "termo de conduta" com a iniciativa privada. "Eu acho que os pactos funcionam melhor", afirmou recentemente.
Na avaliação do ministro, o controle dos bois no pasto é muito difícil. "Teríamos que colocar um fiscal ao lado de cada boi", argumentou. A idéia de Stephanes é que os frigoríficos se comprometam a não comprar animais criados em áreas irregulares.
(Gazeta do Povo, 08/07/2008)