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biocombustíveis G8 emissões de gases-estufa
2008-07-08

O Japão deseja que a cúpula do Grupo dos Oito países mais poderosos do mundo reconsiderasse os biocombustíveis como uma alternativa para enfrentar a mudança climática. O emprego de biocombustíveis está em alta, inicialmente como variante menos contaminante e mais recentemente como forma de aliviar o constante encarecimento do petróleo. Mas os críticos dizem que seu uso pode produzir mais emissões de gases causadores do efeito estufa, em parte responsáveis pelo aquecimento global, do que limitá-las.

Cortar florestas para preparar terras destinadas à agricultura aumenta a concentração de dióxido de carbono na atmosfera, já que as árvores absorvem esse gás e liberam oxigênio no processo de fotossíntese, argumentam, acrescentando que usar matérias-primas que servem de alimento para produzir combustível vai contra o objetivo de promover a segurança alimentar. Mas, nem todos concordam com esses questionamentos. “Culpar os biocombustíveis pela crise alimentar é um desvio do problema real, que passas pela superpopulação do planeta, que leva a um rápido aumento no uso de combustíveis fósseis e a um aquecimento maior”, disse Mike Taylor, gerente de finanças da consultoria Asia Resource Partners, com sede e Tóquio.

“Não estou sugerindo que a solução do problema seja simples, mas em última instância se trata do conceito econômico elementar da oferta e da procura”, disse à IPS. “A oferta de combustíveis fósseis é limitada e, somada a uma crescente demanda - neste caso com no de qualquer outra matéria-prima – empurra os preços para cima”, acrescentou. ‘Há muitos tipos de biocombustíveis, por isso sugerir que todos são igualmente maus e criadores de gases que provocam o efeito estufa é enganoso. Embora seja certo que algumas das tecnologias de biocombustíveis precisam ser melhoradas para reduzir seu componente de combustíveis fósseis”, disse Taylor.

A indústria indonésia do óleo de palma, usado na produção de biocombustíveis, é um exemplo da controvérsia em curso. A Comissão Indonésia do Óleo de Palma disse em um folheto de propaganda que “em comparação com as selvas tropicais as plantações de palma possuem vantagens ambientais, já que absorvem mais dióxido de carbono e liberam mais oxigênio”. Alguns cientistas discordam dessa avaliação. Mas, segundo Taylor, “o problema real é a destruição de uma selva tropical e a perda do habitat natural de muitas espécies para criar uma plantação de palma”. A tecnologia dos biocombustíveis está em sua infância e requer maiores pesquisas e investimentos para melhorar sua eficiência, acrescentou.

O diretor do Conselho Internacional de Alimentos e Política Comercial Agrícola, Hiroshi Shiraiwa, também acredita que os biocombustíveis podem ser a solução. “Não devemos eliminá-los enquanto forem sustentáveis com base em certos critérios. E faltam mais avaliações cuidadosas antes de chegarmos à resposta final”, disse. Os biocombustíveis se converteram em bode expiatório, afirmou à IPS. “Isso é necessário para que políticos e governos ocultem sua negligencia e incapacidade de promover investimentos na agricultura e no desenvolvimento rural nas últimas décadas”, ressaltou.
“reio que com um nível de investimento adequado no setor agrícola, especialmente nas áreas de desenvolvimento tecnológico, infra-estrutura e serviços de extensão agropecuária, podemos alcançar a segurança alimentar”, afirmou Shiraiwa. “Em minha opinião, os países devem fixar metas de produção de biocombustíveis baseadas na disponibilidade de matérias-primas. É importante reconhecer que mesmo os Estados Unidos podem oferecer uma pequena porcentagem desses combustíveis de primeira geração para substituir a gasolina”, acrescentou.

As tecnologias empregadas na produção desses biocombustíveis de primeira geração não são competitivas em matéria de custos frente ao petróleo, por exemplo, e apenas oferece pequenas reduções em emissões de gases causadores do efeito estufa. As de segunda geração objetivam incrementar a quantidade de biocombustíveis produzidos através do uso de resíduos das colheitas, como talos, folhas e cascas, além de outros elementos que não são destinados à alimentação, como lascas de madeira e polpa de frutas espremidas. Mas, estas tecnologias de segunda geração não estarão disponíveis no curto prazo.

As áreas rurais do planeta abrigam dois bilhões de pessoas que dependem de 450 milhões de pequenos agricultores espalhados pelo mundo, frequentemente em áreas marginais e vulneráveis, segundo Farhana Haque Rahman, do Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola. A seriedade da situação não deve ser subestimada. Espera-se que como conseqüência da mudança climática haja 50 milhões de pessoas a mais a enfrentar o risco da fome até 2020. “Os biocombustíveis ainda são vistos como uma resposta importante para a mudança climática, mas apresentam o risco de maior competição pelas terras cultiváveis, que pode contribuir para o aumento de preços”, alertou Rahman.

“Ao mesmo tempo, os cultivos para os de segunda geração, como o sorgo, com alto conteúdo de açúcar, como a jatrofa, plantas cujas sementes possuem alto teor de óleo não comestível, aptos para crescer em terras marginais, podem se converter em uma nova fonte de renda para os pequenos agricultores”, acrescentou. “Os esforços internacionais devem se concentrar na redução dos riscos e maximização das oportunidades que vão de mãos dadas com os biocombustíveis”, disse Rahman.

“No final deste século teremos uma variedade de fontes de energia”, afirmou Shiraiwa. “Entre elas a solar, de biomassa, gás natural, hidrelétrica e algumas outras, segundo as projeções dos especialistas. Temos de incentivar as fontes de energia renovável como a melhor solução para o meio ambiente e a sustentabilidade”, acrescento. Em sua opinião, “não devemos eliminar os biocombustíveis de primeira geração, porque levará muito tempo para o salto tecnológico que permitirá produzirem os de segunda geração”.

Em seu esforço para promover os biocombustíveis, os anfitriões japoneses da cúpula do G-8 levarão os líderes do grupo em um passeio por Hokkaido em automóveis Honda que utilizam pilhas (ou células) de combustível, um dispositivo eletroquímico que transforma a energia química de um combustível em eletricidade ou calor, mas, sem combustão.

É preciso ser chefe de Estado do ou de governo de um país rico para apreciar os possíveis benefícios desta tecnologia. Os especialistas consideram que ainda há um longo caminho, que exigirá muito tempo, para chegar a um uso em grande escala dessas pilhas de combustível em nível mundial.

(Por Catherine Makino, IPS, Envolverde, 07/07/2008)


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