O governo do Reino Unido disse na segunda-feira (7) que reduzirá a expansão dos biocombustíveis, após a divulgação de relatório que diz que este tipo de combustível pode aumentar as emissões de gás que causam o efeito estufa e que contribui com a alta dos alimentos.
A secretária de Transportes, Ruth Kelly, disse que o relatório não sugere interrupção temporária do uso dos biocombustíveis, que têm origem em materiais orgânicos como beterraba e óleo de palma. Mas afirmou que embora os biocombustíveis tenham potencial para reduzir as emissões de carbono, há cada vez mais questões a respeito. Ruth disse que concordou com a recomendação do relatório, "de melhorar, e não abandonar" a política do governo na área.
O relatório analisou os efeitos indiretos da produção de biocombustíveis em questões como mudanças no uso da terra e impactos nos preços dos alimentos. No documento, pede-se que os biocombustíveis sejam implantados mais lentamente que o inicialmente planejado até que se adotem controles para evitar altas nos preços dos alimentos e que derrubem florestas ou plantações.
O relatório do governo britânico é menos drástico que um outro do Banco Mundial, segundo o qual os biocombustíveis são responsáveis por 75% do aumento nos preços dos alimentos. Contudo, o documento alerta que a atual política de biocombustíveis pode elevar em 15% os preços dos grãos na União Européia - os preços do açúcar podem subir 7% e os do óleo de sementes, 50%. Enquanto isso, mais 10,7 milhões de pessoas serão empurradas para a pobreza na Índia.
Porém, o professor Ed Gallagher, presidente do órgão que conduziu a pesquisa, a Agência de Combustíveis Renováveis, disse que os números não levam em conta o impacto das mudanças climáticas sobre as pessoas pobres se os biocombustíveis não forem implantados. As informações são da Dow Jones.
(Por Patricia Fortunado, Estadão Online, AmbienteBrasil, 08/07/2008)