O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, afirmou na sexta-feira que houve interferência da Casa Civil para retardar a divulgação de dados sobre o desmatamento no país, prevista para maio.
Minc disse que obteve informações de que o objetivo do governo é divulgar conjuntamente dados de desmatamento fornecidos pelo Inpe, Embrapa, Ibama e pelos próprios Estados.
"O governo, a Casa Civil, tem dados diferentes e resolveu de alguma maneira uniformizar e compatibilizar esses dados", disse Minc a jornalistas em evento no Jardim Botânico, no Rio de Janeiro.
O ministro considera impossível tecnicamente reunir as informações em um único dado para divulgação pública.
"Acho impossível uma informação só, os dados não são compatíveis. Imagino que serão divulgadas todas as informações e cada uma será comentada. Essa é minha opinião até como professor da UFRJ", afirmou.
Minc disse que teve acesso aos dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que ao contrário de abril não apontam aumento de desmatamento.
"O que posso dizer é que os dados não indicam aumento em relação ao mês anterior e ao mesmo período do ano passado", comentou.
O ministro disse que pretende ter audiência com a ministra Dilma Rousseff, da Casa Civil, para tentar entender o atraso na divulgação dos dados sobre desmatamento. Minc frisou que o atraso pode gerar uma desconfiança na sociedade.
"Espero que isso seja divulgado na semana que vem. Até porque pode gerar uma apreensão na imprensa, e justificada...Por acaso, esse dado não é ruim, mas a não divulgação cria a apreensão", disse ele.
"Isso não foi uma iniciativa minha. A justificativa que foi dada me parece razoável, desde que não haja descontinuidade na divulgação da informação", acrescentou Minc, dizendo que vai falar com Dilma para saber como está sendo feita a harmonização dos dados, pois está sendo cobrado por isso.
(Reportagem de Rodrigo Viga Gaier,
Reuters, 07/07/2008)