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biocombustíveis desmatamento crise alimentar
2008-07-06

PARIS (Reuters) - Representantes do setor de energia da União Européia cogitaram um acordo com o Brasil sobre biocombustíveis neste sábado, ao final de uma reunião de três dias em Paris, durante a qual eles se afastaram da polêmica meta de biocombustíveis da região.

Apesar de não terem realizado propostas de mudanças concretas para a legislação de biocombustível, os ministros afirmam que a UE falhou em comunicar apropriadamente seus planos para fazer com que 10 por cento do combustível dos transportes terrestres venham de fontes renováveis, como os biocombustíveis, até 2020. O ministro do Meio Ambiente francês, Jean-Louis Borloo, disse que muitas pessoas entenderam erroneamente que a meta significaria 10 por cento apenas de biocombustíveis.

Borloo afirmou que a UE deixou claro que a meta também inclui veículos elétricos recarregáveis, usando eletricidade verde ou alimentados por hidrogênio --tecnologia em desenvolvimento que apesar de não poder ser utilizada nos dias de hoje pode ter um papel fundamental até 2020.

Há 18 meses, os biocombustíveis pareciam uma idéia ótima, mas seu valor agora não parece mais tão claro, acrescentou o ministro.

Ao se distanciar dos biocombustíveis, os ministros esperam dissipar as crescentes críticas de que a meta está contribuindo para o desmatamento e está ajudando a pressionar os preços dos alimentos --já que parte crescente da produção agrícola é usada para produzir biocombustíveis em vez de alimentos.

"Nós precisamos decidir se a meta pode ser mantida", afirmou o secretário de Estado alemão, Jochen Homann, a jornalistas. "Ela pode ser modificada.".

A França e a Itália também questionaram a meta nas últimas semanas, e a Inglaterra está avaliando um limite próprio, baseado nas metas da UE.

Borloo afirmou ainda que há amplo apoio à sugestão do parlamentar da UE Claude Turmes que afirmou que a União Européia deveria realizar um acordo bilateral com o Brasil para importar biocombustíveis.

Desmatamento
Turmes, que está liderando a lei de energia renovável no Parlamento Europeu, vem pressionando para que as propostas dos biocombustíveis sejam revistas para evitar efeitos prejudiciais para as florestas e a biodiversidade.

"Minhas análises mostram que o único país de onde podemos importar de forma sustentável, e em quantidades substanciais, combustíveis agrícolas para a UE, no momento, é o Brasil", disse Turmes à Reuters.

"Tal acordo seria um teste, com critérios rígidos na sustentabilidade e nos problemas sociais", acrescentou. "Ao mesmo tempo, o Brasil teria que nos mostrar que está combatendo o desmatamento."

Turmes revelou à Reuters na sexta-feira que ele possui amplo apoio parlamentar para propor mudanças na meta do UE, passando este para 4 por cento, além de reduzir seu prazo para 2015.

Um quinto dos combustíveis de fontes renováveis precisará ser de uma segunda geração de biocombustíveis ou veículos elétricos, e haverá uma grande revisão em 2015 para decidir se é necessário aumentar a meta para 8 ou 10 por cento até 2020, acrescentou ele.

Um relatório da Agência Européia de Meio Ambiente divulgado à Reuters mostrou que a UE pode conseguir apenas um terço da sua meta com biocombustíveis produzidos na Europa, tendo que recorrer à importação para atender seu objetivo. A França, que tomou posse da Presidência rotativa da UE nesta semana, anunciou as mudanças climáticas como uma prioridade.

(Por Pete Harrison, UOL, 05/07/2008)


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