Moscou. O presidente russo, Dmitri Medvedev, encerrou ontem no Cazaquistão uma bem-sucedida "viagem energética" pela Transcaucásia e Ásia Central, após a qual fará sua apresentação ao Ocidente, ao participar de sua primeira cúpula do Grupo dos Oito (G8, os sete países mais industrializados e a Rússia), no Japão.
Assim como seu antecessor no Kremlin, Vladimir Putin, Medvedev manteve a energia como bandeira da política externa e destinou sua viagem a garantir o fornecimento de gás centro-asiático à Rússia e o controle das rotas de exportação para a Europa.
O presidente russo, que disputa com Estados Unidos, União Européia (UE) e China pelo acesso direto aos recursos do Mar Cáspio e da Ásia Central, chegou na quarta-feira ao Azerbaijão, país com grandes reservas de hidrocarbonetos, onde garantiu os primeiros fornecimentos de gás.
O Azerbaijão, que busca cooperar ao mesmo tempo com a Rússia e o Ocidente, planeja extrair 45 bilhões de metros cúbicos de gás por ano até 2015, mas essa quantidade não é suficiente para encher todos os gasodutos sem as reservas do Turcomenistão e do Cazaquistão.
A Rússia já fechou um acordo de termos gerais com o Cazaquistão e o Turcomenistão para a construção do Gasoduto do Cáspio, planejado para levar gás da Ásia Central aos mercados mundiais através do território russo.
O chefe do Kremlin continuou sua ofensiva no campo energético ontem, no Turcomenistão, onde o presidente do país, Kurbanguly Berdymukhamedov, reafirmou os compromissos de seu país de fornecer gás à Rússia e participar do Gasoduto do Cáspio.
Desde o fim da União Soviética, o Turcomenistão tem sido um dos países mais isolados da região e aliado da Rússia.
Após a chegada de Berdymukhamedov ao poder, no entanto, o país vem empreendendo uma política de reformas internas e de abertura ao Ocidente.
A preocupação de Moscou se deve a que Berdymukhamedov, que afirma que o Turcomenistão possui gás suficiente para a Rússia e a Europa, também prometeu participar dos gasodutos ocidentais que competem com o projeto russo.
No Cazaquistão, Medvedev também falará de energia com o presidente do país e fiel aliado de Moscou, Nursultan Nazarbayev, mas de forma mais tranqüila, pois esse país e a China foram os destinos de sua primeira viagem ao exterior após assumir a Presidência russa, em maio.
Na segunda-feira, Medvedev participará no Japão de sua primeira cúpula do G8, centrada na mudança climática e na crise dos alimentos, com seu crescente impacto econômico e social, a escalada do preço do petróleo e a ajuda à África.
Na ilha japonesa de Hokkaido, Medvedev se encontrará com os presidentes dos EUA, George W. Bush, e da França, Nicolas Sarkozy; com os primeiros-ministros do Japão, Yasuo Fukuda; do Reino Unido, Gordon Brown; e da Itália, Silvio Berlusconi; e com a chanceler da Alemanha, Angela Merkel.
Medvedev também deve se encontrar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e com os chefes de Estado da Coréia do Sul, Lee Myung-bak, e da Índia, Pratibha Patil.
(EFE, 05/07/2008)