O óleo diesel que contaminou o Rio Doce foi derramado pelo frigorífico Frisa, empresa que tem uma de suas unidades de processamento em Colatina, no noroeste capixaba. A poluição exigiu a suspensão do abastecimento de água na cidade, e o óleo pode provocar danos até a foz do rio, em Regência. A empresa foi autuada, mas o valor da multa ainda não foi fixado.
A contaminação ocorreu na terça-feira (1). Ainda na tarde da quarta-feira (2) o óleo podia ser visto em Colatina. A suspensão do abastecimento de água foi determinada pelo Serviço Colatinense de Meio Ambiente e Saneamento Ambiental (Sanear), autarquia municipal, e prejudicou grande parte dos moradores de Colatina, onde 23 mil casas são atendidas pela rede de abastecimento.
O Sanear acionou o Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema), a Polícia Militar Ambiental e o Corpo de Bombeiros para investigar quem havia poluído o Rio Doce. Segundo informou a assessoria do Iema, o reservatório de uma caldeira do frigorífico Frisa se rompeu, causando o derramamento do óleo que chegou ao rio.
O órgão informa que a empresa foi autuada e que será multada. O valor da multa ainda não foi arbitrado. A empresa não comunicou o acidente, providência que deveria ter adotado imediatamente após o rompimento da caldeira. O frigorífico Frisa terá ainda que responder por crime ambiental.
Na operação, ficou clara a falta de meios para atender a acidentes desta natureza. O governo do Estado não disponibilizou bóias para contenção do óleo, que se dispersou rapidamente. O desvio do óleo diesel na estação de captação do Sanear foi realizado de movo improvisado.
Não foi informado quanto de óleo diesel vazou para o rio, nem apontados os danos ambientais da poluição. O acidente foi o maior deste tipo registrado em Colatina, segundo o Sanear.
O Rio Doce está reduzido a uma fina lâmina d`água. O rio foi destruído pelo desmatamento em toda a bacia, formada por Minas Gerais e Espírito Santo. As áreas desmatadas foram ocupadas por cafezais e depois a pastagens. O uso intensivo e inadequado das terras da bacia, o emprego de agrotóxicos e a contaminação das águas por esgotamentos domésticos e industriais não tratados destroem o rio.
O frigoríficoSegundo informações da empresa, o Frisa foi criado em 1968, e é o primeiro da região noroeste capixaba. A capacidade de produção diária é de mais de cem toneladas de carne. O Frisa tem três unidades principais de abate - Colatina, no Espírito Santo, Nanuque em Minas Gerais e Teixeira de Freitas na Bahia -, a capacidade de abate é de 1.500 cabeças por dia. O Frisa informa que tem uma frota própria de mais de cem caminhões frigoríficos e que sua capacidade de estocagem é de até 20 mil toneladas de carne.
(Por Ubervalter Coimbra,
Século Diário, 04/07/2008)