Problemas estão em toda a cidade
Um relatório da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) sobre os investimentos feitos em Santa Cruz do Sul demonstra que nos últimos anos foram aplicados R$ 15.769.188,00 em obras. Dentre elas está a construção do Lago Dourado – o custo chegou a R$ 10 milhões –, que garantiu reserva de água para abastecer a cidade. A ampliação das redes, a troca de adutoras e os consertos de vazamentos completam a lista de melhorias, mas mesmo assim ainda demonstram a deficiência do serviço.
Todos os meses a estatal costuma usar parte de sua arrecadação para recompor as redes. As quantias, segundo o gerente regional, Paulo Stein, são altas. “Gastamos alguns milhares de reais para essas obras”, disse, sem falar em números. Esse valor, entretanto, não ajuda a suprir as necessidades. Segundo Stein, os novos investimentos se tornam cada vez mais urgentes. Dentre eles está a troca de pelo menos 20 mil metros da rede problemática e a nova estação de tratamento.
Mesmo assim, as despesas não seriam tão grandes quanto o faturamento mensal de R$ 1 milhão, admite Stein. A diferença entre arrecadação e investimento é explicada pelo presidente em exercício da empresa, Carlos Martinez. “Um município como Santa Cruz ajuda a cobrir investimentos em cidades onde a situação é deficitária”, informou.
A afirmação, no entanto, não serve de justificativa para os problemas que vêm se agravando nas últimas semanas. Canos rompidos e panes no abastecimento atingiram vários pontos da cidade, desde os bairros mais afastados até a área central. Na terça-feira a situação mais crítica ocorreu no Faxinal, onde dezenas de famílias ficaram com as torneiras secas por causa de um cano rompido.
Vazamentos
No dia seguinte o problema estava sanado, mas as queixas continuavam, pois a situação não era nova. Segundo as famílias, pelo menos três vezes por semana o fornecimento é interrompido. O motivo, na maior parte das vezes, é a perfuração de canos. Entretanto, a baixa pressão naquela área agrava ainda mais a deficiência. O aposentado Cláudio Carvalho é testemunha do que acontece. Morador da Rua Willy Carlos Frohlich, ele já se acostumou a armazenar água em baldes e garrafas plásticas no começo da manhã. “Nunca sei quando vou ter água em casa; por isso, tenho que estar sempre prevenido”, disse. Com uma conta mensal de R$ 140,00, Carvalho reclama da falta de investimentos para suprir os usuários.
(Por Dejair Machado, Gazeta do Sul, 04/07/2008)