A Refinaria de Petróleo Ipiranga, localizada em Rio Grande, confirmou, ontem (03/07), que está reduzindo significativamente sua produção nesta semana "devido a problemas de preços e suprimento, buscando definir matéria para novo teste com condições econômicas melhores". A matéria-prima está terminando e a medida visa a evitar a parada total da produção. Conforme a diretora-superintendente da empresa, Elisabeth Tellechea, a produção ficará reduzida até a chegada de nova matéria-prima, prevista para o dia 15 deste mês.
Na tarde de ontem, ela reuniu-se com os funcionários para explicar a medida que está sendo adotada. Devido ao constante aumento do preço do petróleo, a refinaria vem trabalhando em condições difíceis, com prejuízo. Somente no primeiro trimestre deste ano, o prejuízo foi de R$ 13,7 milhões. Desde março, a Petrobras está fornecendo matéria-prima para a empresa, mas pelos preços vigentes. Numa tentativa de melhorar a situação, a refinaria estava utilizando uma matéria-prima, em forma de teste, com a qual vinha produzindo bunker, óleo combustível, diesel e nafta. A matéria-prima a ser recebida até o dia 15 será outra, que será usada somente para nafta e deverá dar um rendimento maior deste produto.
O Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Destilação e Refinação de Petróleo do Rio Grande (Sindipetro) diz que a refinaria tem petróleo para trabalhar só até domingo. "Os trabalhadores estão apreensivos, pois o compromisso firmado pela Petrobras, Ultra e Braskem, na ocasião da compra do Grupo Ipiranga, era de manter a continuidade operacional da refinaria, o que já não está acontecendo.
Diversas unidades, a partir de domingo, serão desligadas por falta de petróleo. Apenas uma unidade pequena ficará operando com nafta para processamento", afirmou o presidente do Sindipetro, José Marcos Olioni.
Conforme ele, a produção que hoje é de aproximadamente três mil metros cúbicos/dia, passará para 500 metros cúbicos/dia. Olioni observa que os preços do petróleo não param de subir. "Hoje o litro do petróleo está em R$ 1,41, valor que é mais caro do que o de qualquer derivado (diesel, gasolina, GLP e óleo combustível) vendido nas refinarias brasileiras. Os trabalhadores entendem que a atual configuração acionária da empresa não apresenta resultados e que a Petrobras tem que assumir os ativos da refinaria", destacou.
(Por Carmem Ziebell, Jornal Agora, 04/07/2008)