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2008-07-04

O combustível fóssil pode até ser o grande vilão do século 21, mas extrair petróleo ainda é uma das atividades mais lucrativas do mundo. A Petrobras, por exemplo, lucrou R$ 21,512 bilhões em 2007, alcançou um valor de mercado de R$ 429,9 bilhões e investiu R$ 45,3 bilhões, confirmando a posição de sexta maior companhia de petróleo do mundo. Os números são do Balanço Social e Ambiental 2007 lançado pela empresa ontem, no Rio de Janeiro.

Cerca de 4,34% dos investimentos (R$ 1,97 bilhões) foram destinados ao meio ambiente, sendo R$ 6,3 milhões direcionados para pesquisas em tecnologias de seqüestro de carbono e R$ 51,67 milhões em fontes renováveis de energia.

O número parece baixo perto do total de investimentos, mas o gerente de Responsabilidade Social da Petrobras, Luis Fernando Nery, defende que é preciso considerar todos os recursos aplicados que indiretamente diminuem as emissões de gases do efeito estufa produzidos pelas atividades da empresa para se ter uma idéia real do quanto é destinado à redução dos impactos ao clima.

“Somos a maior empresa do mundo que tem a participação do etanol na produção e, na última semana, lançamos um centro específico de biocombustíveis da Petrobras”, argumenta. Nery diz que a tendência é que os investimentos ambientais aumentem em 2008.

No ano passado, as emissões diretas de dióxido de carbono (CO2) – das unidades instaladas no Brasil e no exterior e de navios das frotas próprias e contratada que realizam viagens internacionais – totalizaram 49,63 milhões de toneladas. A Petrobras reduziu 2,53 milhões de toneladas (24% a mais que em 2006) e, até 2012, pretende cortar 21,3 milhões de toneladas. “Somos uma das empresas líderes na redução de gases do efeito estufa”, afirma Nery.

O gerente cita ainda os investimentos em pesquisas na melhoria de eficiência dos combustíveis e em pesquisa e desenvolvimento, que aumentaram 8%, passando de R$ 1,58 bilhões em 2006 para R$ 1,71 bilhões em 2007.

Os dados foram divulgados três dias depois de o presidente do Painel Intergovernamental sobre mudanças climáticas, Rajendra Pachauri, afirmar que manter o modelo econômico baseado nos combustíveis fósseis levaria o mundo a entrar no século 22 com um aumento de temperatura média global de 5º C. Segundo Pachauri, seria necessário aplicar de 2% a 2,4% do Produto Interno Bruto global até 2030 para frear o aquecimento global.

Conama, Conar e as campanhas publicitárias proibidas
Em abril de 2007, a Petrobras teve três campanhas publicitárias suspensas pelo Conselho Nacional de Auto-Regulamentação Publicitária (Conar) depois de uma denúncia encaminhada por seis organizações não governamentais, pelas secretarias do meio ambiente de São Paulo e dos governos paulista e mineiro. As entidades alegaram que a empresa não havia se esforçado para reduzir os níveis de enxofre do óleo diesel brasileiro, conforme recomendação do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama).

A Petrobras recorreu à decisão do Conar e conseguiu revogar a decisão sobre uma das campanhas, sobre o biodiesel, segundo Nery. Ele explica que as outras duas, que falam de ações ambientais da empresa, ainda não foram julgadas.

A discussão foi “completamente emocional”, na opinião de Nery que diz que o tema está sendo tratado de forma distorcida. “Vilanizaram o produto (diesel). É como dizer que a moto-serra é o vilão do desmatamento”, compara.

Apesar da deliberação do Conama pedindo a redução do teor do enxofre dos atuais 2000 para 50 partículas por milhão (ppm) ter saído em 2002, a regulamentação da Agência Nacional do Petróleo (ANP) só veio no final do ano passado. Segundo Nery a Petrobras dependia disso para começar a produção do diesel com as novas especificações, que será distribuído no início de 2009 somente para motores que estejam preparados.

“A Petrobras participa do Proconve (programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores do Conama) desde 1986 e pediu em várias ocasiões para que fosse definida a regulamentação e alertou que isto não seria suficiente para reduzir o problema da poluição de São Paulo”, defende Nery.

Durante a Conferência Internacional Empresas e Responsabilidade Social, do Instituto Ethos, o secretário municipal do Verde e do Meio Ambiente de São Paulo, Eduardo Jorge, disse que a Petrobras, a Associação dos Fabricantes de Veículos Automotores e a ANP eram igualmente responsáveis pela demora na solução do problema. “A verdade é que o trio ganhou tempo para poupar dinheiro”, afirmou. A Petrobrás irá investir R$ 9 milhões até 2012 em unidades de hidrotratamento de diesel em nove refinarias para fornecer o diesel com 50 ppm de enxofre.

Mais sobre o Balanço Social Ambiental 2007
O Balanço Social Ambiental 2007 foi criado com o objetivo de informar de forma transparente os negócios e ações sócio-ambientais da empresa e hoje é usado como uma ferramenta de ações estratégicas para a Petrobras. O documento pode ser acessado aqui.


(Por Paula Scheidt, CarbonoBrasil, Envolverde, 03/07/2008)
 


 


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