O Departamento Municipal de Água e Esgoto (Dmae) executou, no dia 19 de junho, a penúltima etapa da substituição das tubulações de recalque na Elevatória da Estação de Tratamento de Água Menino Deus. A última etapa está prevista para julho. A obra, que iniciou em fevereiro, consiste na troca do barrilete de recalque (adutora que conduz a água da Estação até o reservatório elevado). Faz parte do programa de modernização das instalações de tratamento e distribuição de água do Dmae. Segundo a coordenadora da comunicação do Dmae, Angélica Ritter, a obra "tem como objetivo garantir o abastecimento contínuo e de melhor qualidade para os moradores das zonas Centro, Sul e Leste da cidade". O investimento é de R$ 540 mil.
Estas obras vêm sendo feitas em algumas estações de tratamento para, de acordo com o Departamento, melhorar a qualidade e a distribuição da água para os porto-alegrenses. "São inúmeras obras que por vezes necessitam de interrupções no abastecimento de água, o que o Dmae chama de 'Paradas Operacionais Programadas', esforço recompensado com a melhoria nas instalações e conseqüentemente na distribuição da água para os porto-alegrenses", informa Angélica.
A água de Porto Alegre é captada, tratada, distribuída e controlada pelo Dmae, sem passar por controle de qualidade em outros locais. São 172,47 milhões metros cúbicos de água por ano, passando por sete Estações de Tratamento de Água (ETAs), que tratam cerca de 5,4 mil litros de água por segundo. "Diariamente, o Dmae faz cerca de 4 mil análises a partir de 500 amostras de água coletadas desde a captação até as ligações domiciliares, com o objetivo de garantir a qualidade da água distribuída em Porto Alegre, dentro do padrão de potabilidade estabelecido pela Portaria 518/04 do Ministério da Saúde", explica Angélica Ritter.
Mas apesar de todo esse trabalho, a percepção que a população tem do serviço é outra. O resultado é que poucos moradores da cidade se arriscam a tomar água diretamente da torneira. Daiana Klanovicz de Araújo, moradora do bairro Bom Fim, diz que é impossível tomar água da torneira. "Principalmente no verão não tem como não tomar água comprada porque é muito ruim a água de Porto Alegre, tem gosto de algas. Na minha casa, só compramos água mineral".
A reportagem conversou com oito moradores de Porto Alegre. Quatro disseram não consumir água da torneira por não confiar na qualidade. O argumento mais usado foi de que o gosto da água é ruim, e é de aspecto amarelado. Os outros quatro disseram que "tomam às vezes", mas há épocas em que o gosto da água fica pior. A maioria reclamou principalmente do verão, em que é época de algas.
Para o Dmae o fato é questão de hábito. Angélica Ritter explica que é costume da população tomar água mineral. "As pessoas ainda não mudaram de hábito. A água é potável, está dentro dos padrões de saúde e não tem gosto ruim, mas agora gostam da água mineral por hábito", afirma a assessora.
A PortariaA portaria 518/04 do Ministério da Saúde estabelece os padrões de potabilidade que devem ser atendidos pelas Companhias de Saneamento em todo o País. Tania Mara Pizzolato, Chefe do Laboratório de Química da UFRGS, explica que a portaria 518 do Ministério da Saúde "estabelece os procedimentos e responsabilidades relativos ao controle e vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade". A portaria diz que "toda a água destinada ao consumo humano deve obedecer ao padrão de potabilidade e está sujeita à vigilância da qualidade da água". Leia a
portaria 518/04 na íntegra. Tânia Mara Pizzolato diz que não faz pesquisas sobre a água de Porto Alegre, mas que a maioria das pessoas que ela conhece não confia na água da torneira.
Monitoramento da águaNo Dmae, o monitoramento da qualidade da água distribuída é responsabilidade da Divisão de Tratamento. Angélica Ritter diz que no site do Dmae é possível
acompanhar mensalmente os padrões de potabilidade analisados pelo Departamento. "Além disto, o Dmae encaminha anualmente para a casa dos usuários o Relatório Anual da Qualidade da Água, onde estes parâmetros também podem ser conhecidos".
DistribuiçãoO Dmae fornece água para Porto Alegre por meio dos seus oito sistemas de abastecimento, compostos por Estações de Tratamento de Água (ETAs), Estações de Bombeamento de Água Tratada (EBATs), reservatórios e uma rede de água de aproximadamente 3,5 mil quilômetros. "Atualmente, 99,5% dos porto-alegrenses são abastecidos com água tratada", diz a coordenadora da comunicação do Dmae. 'A população residente em loteamentos irregulares, áreas de risco ou zonas de preservação ambiental é atendida pelo serviço gratuito de carros-pipas", completa.
Depois de tratada, a água é armazenada nos tanques de reservação das ETAs e, na seqüência, nos reservatórios distribuídos em bairros da Capital. Dos reservatórios, a água segue para as tubulações. A distribuição da água tratada é feita por gravidade ou pelos sistemas de bombeamento das EBATs, que podem ser operadas manualmente, de forma automática ou por telemetria.
(Por Luiza Oliveira Barbosa, Ambiente JÁ, 02/07/2008)