(29214)
(13458)
(12648)
(10503)
(9080)
(5981)
(5047)
(4348)
(4172)
(3326)
(3249)
(2790)
(2388)
(2365)
política ambiental dos eua
2008-07-03

"Nunca demos nosso apoio a um candidato. Este ano, pela primeira vez, John McCain vai recebê-lo. É a grande esperança verde do país." Jim DiPeso é diretor político do grupo Republicanos para a Proteção Ambiental.

Embora se sinta conservador, sua prioridade número 1 na hora de votar é a agenda ecológica do candidato em questão. Nunca apoiou George W. Bush. "McCain é seiva nova", ele diz. Esse argumento de que McCain é uma exceção entre os republicanos, um candidato verdadeiramente ecológico, é aceito inclusive por seguidores de Barack Obama.

"Os dois seriam bons presidentes do ponto de vista ambiental", diz Michael McGreevey. Esse eleitor de 27 anos, ecologista declarado que trabalha como consultor na organização Conservação Internacional, votará em Obama em novembro, "porque seu plano ambiental também é fantástico". Mas não vê com maus olhos McCain, o proclamado rebelde ecologista do Partido Republicano.

É um tanto insólito que um candidato republicano participe de eleições como o porta-estandarte da ecologia. Mas estas eleições são diferentes das anteriores. Pela primeira vez o meio ambiente é um assunto político de primeira magnitude. Segundo uma das últimas pesquisas da consultoria Gallup, trata-se de um tema que preocupa 90% da população, empatado com a situação da economia e 5 pontos acima da guerra no Iraque. O motivo é simples: o galão de gasolina superou os US$ 4, número elevadíssimo neste país. A crise ambiental chegou ao bolso dos americanos, e é com ela em mente que eles irão às urnas.

Com os dois candidatos, acaba o que muitos ecologistas batizaram de "década perdida" do meio ambiente nos EUA. "O governo Bush foi o pior para o meio ambiente em toda a história deste país", diz Nick Berning, porta-voz da associação Amigos da Terra em Ação. "Nunca houve uma crise ecológica como esta e Bush a encarou como se fosse algo que não existe. Foram oito anos realmente nefastos."

Com prudência, McCain se distanciou de Bush nesse campo. Seu argumento para se proclamar ecológico é que tentou aprovar em 2003, 2005 e 2007 uma lei que teria instaurado limites para as emissões poluentes do parque empresarial. Nas três ocasiões foi rejeitada por membros de seu próprio partido.

Em 24 de junho passado, um dos mais sólidos candidatos a ocupar o posto de vice-presidente em sua candidatura, o governador da Flórida, Charlie Crist, anunciou uma das maiores compras de terreno privado da história dos EUA. Seu governo vai adquirir 480 quilômetros quadrados de plantações açucareiras para revitalizar os pântanos dos Everglades. McCain chegou a definir a defesa do meio ambiente como algo raivosamente conservador.

"Ignorar esse problema é uma postura liberal e hedonista, desastrosa para nosso grande país", disse em entrevista em outubro de 2007. Mesmo assim, a história do McCain amante do meio ambiente tem uma cara e uma coroa. Os grupos ecológicos não a consideram certa. "John McCain é o único senador que decidiu perder todas e cada uma das eleições cruciais em termos de meio ambiente no ano passado", explica Carl Pope, diretor-executivo da prestigiosa sociedade ambiental Sierra Club.

Segundo os arquivos do Congresso, em 2007 o senador do Arizona não votou nenhum dos 15 projetos de lei relacionados a assuntos ambientais ou energéticos. Além disso, em 18 de junho passado propôs permitir um aumento do número de perfurações petrolíferas nas costa norte-americana.

Segundo Joseph Romm, cientista que é referência na comunidade ecológica e analista do Centro para o Progresso Americano, McCain teve de se dobrar diante do óbvio. "A ciência nos diz que o aquecimento global causará estragos como a desertificação e a perda de 70% das espécies", diz. "Mas a única proposta concreta que ouvimos dele é a de criar mais centrais nucleares."

De fato, McCain pretende destinar US$ 4 milhões para a construção de novas usinas. "O senador é um conservador que finalmente está na única parte intelectualmente defensável do debate sobre a mudança climática. Mas a grande maioria das soluções para o aquecimento global vem de colocações progressistas: exigem uma intervenção forte por parte do governo e um grande apoio federal para a criação de fontes de energia renováveis." Nesse sentido, Obama é o único candidato que apresentou um plano exaustivo detalhando suas iniciativas ecológicas.

"É claro que os dois candidatos estão mais de acordo entre si do que com o governo anterior", explica Dan Kammen, guru de política energética da Universidade da Califórnia em Berkeley e assessor de Obama em questões ambientais. "Os dois seriam uma ruptura com Bush, mas isso não deve ocultar que há muita diferença entre eles", acrescenta. "O senador Obama é o único que tem um plano claro e detalhado sobre como atacar a mudança climática com objetivos em curto e longo prazo." O senador de Illinois explica em sua página na web que deseja "combater o aquecimento global impondo às empresas uma série de limites obrigatórios para a emissão de CO2, reduzindo as emissões poluentes na porcentagem recomendada pelos cientistas: 80% até 2050".

Além disso, o candidato quer oferecer subvenções e incentivos para as empresas que desejem fabricar carros híbridos; é contrário às escavações petrolíferas na costa americana e rejeita a criação de mais usinas nucleares se o governo não enfrentar antes o problema de que fazer com os resíduos radioativos que elas produzirão.

A Liga de Eleitores Conservacionistas costuma atribuir uma nota a cada candidato de acordo com seu histórico ambiental. Essa organização analisou cada votação da qual participaram os dois senadores. McCain recebe 26 dos 100 pontos possíveis, um claro suspenso. Obama é o candidato que tira maior nota em todas as primárias: 96, quase uma estatística de honra. "Ambos serão uma grande diferença em relação a Bush", explica o diretor político dessa organização, Tony Massaro. "Mas Obama levará essa diferença muito mais longe."

(Por David Alandete, El País, tradução de Luiz Roberto Mendes Gonçalves, UOL,  03/07/2008)

 


desmatamento da amazônia (2116) emissões de gases-estufa (1872) emissões de co2 (1815) impactos mudança climática (1528) chuvas e inundações (1498) biocombustíveis (1416) direitos indígenas (1373) amazônia (1365) terras indígenas (1245) código florestal (1033) transgênicos (911) petrobras (908) desmatamento (906) cop/unfccc (891) etanol (891) hidrelétrica de belo monte (884) sustentabilidade (863) plano climático (836) mst (801) indústria do cigarro (752) extinção de espécies (740) hidrelétricas do rio madeira (727) celulose e papel (725) seca e estiagem (724) vazamento de petróleo (684) raposa serra do sol (683) gestão dos recursos hídricos (678) aracruz/vcp/fibria (678) silvicultura (675) impactos de hidrelétricas (673) gestão de resíduos (673) contaminação com agrotóxicos (627) educação e sustentabilidade (594) abastecimento de água (593) geração de energia (567) cvrd (563) tratamento de esgoto (561) passivos da mineração (555) política ambiental brasil (552) assentamentos reforma agrária (552) trabalho escravo (549) mata atlântica (537) biodiesel (527) conservação da biodiversidade (525) dengue (513) reservas brasileiras de petróleo (512) regularização fundiária (511) rio dos sinos (487) PAC (487) política ambiental dos eua (475) influenza gripe (472) incêndios florestais (471) plano diretor de porto alegre (466) conflito fundiário (452) cana-de-açúcar (451) agricultura familiar (447) transposição do são francisco (445) mercado de carbono (441) amianto (440) projeto orla do guaíba (436) sustentabilidade e capitalismo (429) eucalipto no pampa (427) emissões veiculares (422) zoneamento silvicultura (419) crueldade com animais (415) protocolo de kyoto (412) saúde pública (410) fontes alternativas (406) terremotos (406) agrotóxicos (398) demarcação de terras (394) segurança alimentar (388) exploração de petróleo (388) pesca industrial (388) danos ambientais (381) adaptação à mudança climática (379) passivos dos biocombustíveis (378) sacolas e embalagens plásticas (368) passivos de hidrelétricas (359) eucalipto (359)
- AmbienteJá desde 2001 -