Apesar de não ter especificado metas, presidente disse que mundo deveria reduzir de 60% a 80% as emissões
TÓQUIO - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva instou os países em desenvolvimento, incluindo o Brasil, a se juntarem às nações desenvolvidas no estabelecimento de metas para reduzir as emissões de gases poluentes responsáveis pelo aquecimento global.
"Todos os participantes, incluindo o Brasil, devem fixar uma meta de redução de acordo com suas próprias emissões de gases estufa", disse Lula em entrevista ao jornal japonês Yomiuri Shimbun, publicada nesta quarta-feira, 2.
Apesar de não ter especificado as metas do Brasil, Lula disse que o mundo deveria reduzir de 60% a 80% as emissões até 2050.
O presidente fez as observações antes de sua visita ao Japão para participar de uma cúpula sobre mudança climática com líderes do G-8, que será organizada paralelamente ao encontro anual do grupo, entre 7 e 9 de julho, em Hokkaido (norte do Japão).
As negociações internacionais sobre um novo tratado climático, que cobriria o período após o encerramento das obrigações do Protocolo de Kyoto em 2012, têm sido dificultadas por desentendimentos entre as nações em desenvolvimento e os países ricos.
Os Estados Unidos, a principal nação rica a não participar do Protocolo de Kyoto, argumentam que qualquer acordo futuro precisa envolver rapidamente as nações de crescimento emergente, como a China e a Índia.
Algumas nações do bloco de desenvolvimento dizem que os países ricos são historicamente responsáveis pelo aquecimento global e devem tomar a liderança na redução das emissões.
Na entrevista, Lula pediu ao primeiro-ministro do Japão, Yasuo Fukuda, que presidirá a cúpula, a garantia de que as nações pobres não trabalhem em vão por um acordo climático.
O presidente também afirmou que o Brasil planeja sediar a conferência internacional sobre os biocombustíveis, em novembro, convidando líderes mundiais, pesquisadores e empresários.
O País está liderando a produção mundial de etanol, elogiada por defensores por reduzir as emissões provocadas pelos combustíveis fósseis. Mas os críticos dizem que a popularidade do combustível tem colaborado para a alta dos preços dos alimentos.
"Quando falo sobre os biocombustíveis, não estou considerando beneficiar somente o Brasil", disse Lula ao jornal.
(Por Clarissa Mangueira, Agência Estado, 02/07/2008)