Direção da estatal promete investimentos em obras para manter contrato com o município
Vazamentos em diferentes pontos da área urbana revelam problemas na rede responsável pelo abastecimento
A arrecadação mensal superior a R$ 1 milhão não está sendo suficiente para que a Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) assegure o abastecimento integral aos moradores de Santa Cruz do Sul. Nos últimos dias casos envolvendo rompimentos de canos e vazamentos expuseram a fragilidade da rede hídrica administrada pela estatal desde 1969.
A direção da empresa reconhece os problemas, mas afirma que não tem condições de substituir a tubulação de uma hora para outra. Projetos prevendo obras estão previstos, mas devem levar alguns meses para serem executados. Um deles, orçado em R$ 2.742.660,00, tem como objetivo melhorias em todos os pontos da cidade. Esses investimentos seriam resultado do superávit da companhia e também de recursos captados junto ao governo federal por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que tem linhas específicas para o saneamento básico.
A denúncia da prefeita Helena Hermany de que os serviços não estariam sendo prestados como deveriam e a ameaça de não renovar o contrato com a estatal no ano que vem podem acelerar as obras. Ontem, ao ficar sabendo da posição do município, o presidente em exercício da Corsan, Carlos Martinez, admitiu situações que fogem ao controle. Uma delas envolveria os chamados vazamentos invisíveis, como o que causou faltas d’água em ruas centrais de Santa Cruz por mais de duas semanas.
Outro fato que complica ainda mais o relacionamento entre a estatal e a Prefeitura é a grande quantidade de buracos abertos para consertar rompimentos de canos. Segundo Martinez, casos desse tipo são sinal da necessidade urgente de manutenção geral e da contratação de máquinas para executar obras. “Lamentavelmente uma situação pontual de vazamento acaba maculando todo o trabalho da empresa. Temos um serviço de análise da qualidade feito permanentemente, mas situações como essas acabam sendo interpretadas como carência de investimentos”, disse. A previsão é de que em dois meses ocorra a contratação de uma prestadora para esse tipo de serviço.
A falta de material seria mais uma das dificuldades enfrentadas. A Corsan alega atraso na licitação em algumas unidades, entre elas a de Santa Cruz, e por isso teria havido problemas para recompor as redes danificadas. Essa dificuldade, no entanto, já estaria resolvida, assegurou Martinez. “Na semana passada foram entregues 99% dos suprimentos”, afirmou.
Providências
Preocupado com a possibilidade de não renovar o contrato feito em 1989, Martinez pretende marcar uma reunião com a prefeita para tratar do assunto. Segundo ele, a intenção é saber quais serão as reivindicações do município para que a parceria seja mantida. “Acredito que não vamos chegar a esse extremo, por isso queremos conversar antes.”
Além de ser uma das cidades que mais arrecadam para a Corsan, Santa Cruz também é considerada fundamental para a empresa, pois ajuda a custear investimentos em outros municípios onde há déficit. Martinez ressalta que o rompimento do contrato poderia comprometer outras regiões e ainda causar prejuízos para a população, pois há riscos de uma empresa privada não conseguir manter o mesmo serviço oferecido atualmente. Além disso, o município teria que ressarcir a estatal.
(Por Dejair Machado, Gazeta do Sul, 02/07/2008)