O investimento mundial em energia renovável, que está sendo chamado de "corrida do ouro verde", aumentou cerca de 60 por cento, chegando a 148 bilhões de dólares em 2007, segundo o Programa de Meio Ambiente da ONU (Unep, na sigla em inglês).
Estimulado pelo preço elevado dos combustíveis fósseis e as preocupações com as emissões de dióxido de carbono que aumentam o aquecimento global, o investimento em energia limpa, de fontes como vento, sol e biocombustíveis cresceu no ano passado três vezes mais rápido do que o previsto pelo Unep.
"Assim como milhares de pessoas foram atraídas para a Califórnia e para o Alasca no fim do século 19, a corrida do ouro pela energia verde está seduzindo legiões de modernos exploradores em todas as partes do globo", disse o chefe do Unep, Achim Steiner.
A energia eólica atraiu a maior parte do capital no ano passado, num total de 50,2 bilhões, ou seja, um terço de todo o investimento em energia limpa, segundo o relatório do Unep sobre tendências mundiais do investimento em energia sustentável em 2008.
Em março de 2008, a capacidade instalada de energia eólica no mundo excedeu 100 gigawatts, o suficiente para suprir cerca de 75 milhões de casas. O investimento em energia solar cresceu 254 por cento, chegando a 28,6 bilhões de dólares no ano passado, enquanto o setor de biocombustíveis teve queda de quase um terço, passando a 2,1 bilhões de dólares, diz o relatório.
No total, a energia limpa correspondeu a 23 por cento de toda a nova capacidade instalada energética em 2007. O investimento público em energia renovável por meio do mercado mais do que dobrou, passando de 10,6 bilhões de dólares em 2006 para 23,4 bilhões de dólares em 2007.
O indicador S&P Custom/ABN AMRO Renewable Energy Index subiu 70 por cento em 2007, mas depois disso caiu 14 por cento por causa da fragilidade da economia mundial. A maior parte dos novos recursos foi para os líderes em energia renovável, a União Européia e os Estados Unidos, embora, China, Índia e Brasil tenham atraído no ano passado o valor considerável de 26 bilhões de dólares, 14 vezes maior do que o 1,8 bilhão de 2004.
Esses três países em desenvolvimento respondem atualmente por 22 por cento de todo o novo investimento em energia renovável, diz o Unep. O investimento no setor de energia limpa na África cresceu cinco vezes e ficou em 1,3 bilhão em 2007, revertendo um declínio gradual iniciado em 2004.
"A África sub-saariana, possivelmente a região que mais tem a ganhar com a energia renovável, permanece amplamente inexplorada," diz o relatório. O setor de energia renovável deve alcançar 450 bilhões de dólares em 2012 e até 600 bilhões por volta de 2020, diz a Unep.
Nações em desenvolvimento como a China, que recentemente ultrapassou os EUA como maior emissor de dióxido de carbono do mundo, estão sendo encorajadas pelos países ricos a aderirem à energia renovável e adotar metas obrigatórias de emissão, como parte de um novo acordo internacional sobre o clima que sucederá o Protocolo de Kyoto.
O primeiro período de comprometimento com metas do Protocolo de Kyoto vence em 2012 e os governos agora se apressam a negociar um novo acordo que esperam esteja pronto para as conversações sobre clima patrocinadas pela ONU, no ano que vem.
(Estadão Online, Ambiente Brasil, 02/07/2008)