O Fundo Monetário Internacional (FMI) pediu na terça-feira aos Estados Unidos que eliminem a tarifa imposta às importações de etanol brasileiro, como parte de suas recomendações para responder à alta dos alimentos em nível mundial.
O FMI atribuiu parte da culpa da escalada do valor da comida ao "boom" dos biocombustíveis, em seu primeiro relatório detalhado sobre o tema. No entanto, Mark Plant, subdiretor do Departamento de Desenvolvimento e Revisão de Políticas do FMI, fez uma distinção entre a política do Brasil e a dos EUA, que juntos produzem 70% do etanol do mundo.
Plant disse que, nos EUA, as subvenções desviam parte da colheita de milho e trigo para a produção desse biocombustível. A isso contrapôs a "boa" política do Brasil, que retira o biocombustível da cana-de-açúcar, cultivada em terras onde não precisa deslocar a produção de outro alimento.
Sanjeev Gupta, assessor do Departamento de Assuntos Fiscais do FMI, lembrou que o etanol brasileiro "está sujeito a impostos muito altos nos EUA" e disse que o organismo é a favor de sua eliminação. Os EUA mantêm uma tarifa de US$ 0,54 por galão (3,8 litros) à importação desse combustível para proteger seus produtores de milho, embora o governo brasileiro tenha solicitado reiteradamente à Casa Branca sua eliminação nos últimos anos.
Além da proteção imposta pela tarifa, os produtores de etanol americanos se beneficiam de subsídios generosos. Plant disse que essas ajudas, e as que também a Europa dá a seu setor de biocombustíveis, acrescentam "tensão" ao mercado mundial de alimentos. "A posição geral do FMI é de que os subsídios deveriam ser eliminados", disse Plant. Gupta ressaltou ainda que o Brasil não concede ajudas aos produtores de cana-de-açúcar.
(EFE, Terra, 02/07/2008)